Angiotomografia Coronária em Pacientes com Dor Torácica Aguda: Estamos Superestimando as Lesões?

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Angiotomografia Coronária em Pacientes com Dor Torácica Aguda: Estamos Superestimando as Lesões?

Estudo publicado recentemente, observacional e prospectivo teve o intuito de esclarecer essa questão incluindo 1700 pacientes. O trabalho incluiu pacientes de baixo/moderado risco de doença coronariana e realizou (a critério do médico assistente) angiotomografia coronária ou teste ergométrico (cintilografia caso houvesse contraindicação) em até 72 horas após realização e protocolo de dor torácica negativo. O objetivo era saber o número de cateterismos realizados em até 30 dias em ambos os grupos e também a necessidade de exames adicionais para completo diagnóstico. Angiotomografia com lesões maiores que 70% ou teste ergométrico de alta carga isquêmica eram encaminhados ao cateterismo, enquanto exames com resultados inconclusivos eram submetidos à realização de outro método complementar para esclarecimento diagnóstico.

Não houve diferença estatística significativa entre os grupos angiotomografia e teste ergométrico em relação ao número de cateterismos realizados nos primeiros 30 dias (2,3% x 1,6%). Pacientes do grupo angiotomografia realizaram apenas 1/4 de exames subsequentes quando comparados ao grupo teste ergométrico (5,8% x 25,2%), destacando-se a maior acurácia diagnóstica associada à tomografia. Por incrível que pareça o nível de exposição média à radiação foi inferior no grupo angiotomografia.

Lembramos que os critérios de inclusão não incluíram pacientes idosos, com doença arterial coronária conhecida, eletrocardiograma alterado e elevação de biomarcadores. Apesar do perfil dos grupos ser semelhante, a decisão da escolha na solicitação dos exames, foi baseada em decisão subjetiva, podendo interferir no resultado final. Além disso, o critério usado para indicação de cateterismo após realização de angiotomografia foi lesão > 70%, diferente de todo o restante da literatura que indica com lesão > 50%. Isso torna o método com maior acurácia, mas pode deixar passar pacientes com lesões obstrutivas graves subestimadas.

Referência: Grunau B, et al. Am J Cardiol 2016;118:155e161.