Análogos de GLP1 e câncer de pâncreas: existe associação?

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Uma preocupação ainda vigente em relação aos agonistas do receptor do GLP1 diz respeito à segurança pancreática desta classe de drogas, que viu sua prescrição explodir nos últimos anos. Relatos de casos e alguns pequenos estudos apontaram para uma associação entre os análogos de GLP-1 e um aumento de risco de pancreatite aguda e câncer de pâncreas. Mas será que este risco realmente existe?

Metanálise publicada em 2017 não evidenciou nenhuma associação entre análogos de GLP-1 e pancreatite aguda. Da mesma forma, outra metanálise de 2018 também não demonstrou associação com pancreatite nem com câncer de pâncreas.

O período médio de acompanhamento dos estudos incluídos, no entanto, era relativamente curto (abaixo de 2 anos na maioria dos ensaios clínicos). Já uma coorte retrospectiva, publicada em 2016, com um período médio de acompanhamento de 4,1 anos, também não evidenciou aumento do risco de câncer de pâncreas com análogos de GLP-1.

Na tentativa de produzir dados mais robustos sobre a controversa associação com câncer de pâncreas, um grupo de pesquisa de Israel desenhou uma coorte histórica com mais de 500 mil adultos com diabetes mellitus tipo 2 e idade média de 59,9 anos. A mediana do tempo de seguimento foi de 7 anos. E a insulina basal foi utilizada como comparador ativo.

Os resultados desta coorte foram publicados agora em janeiro de 2024 no JAMA. Da população analisada, 33.377 indivíduos usaram análogo de GLP1 e 106.8849 utilizaram insulina basal. E não foi demonstrado aumento do risco de câncer de pâncreas com os análogos de GLP1. A análise foi ajustada para outros fatores de risco, como tabagismo, obesidade e história de pancreatite aguda. O tempo de diabetes também era semelhante entre os dois grupos.

Esta coorte vem nos deixar ainda mais tranquilos em relação à segurança dos análogos de GLP1. Cada vez mais e melhores evidências se acumulam, apontando para um não aumento de risco de câncer de pâncreas com esta classe de medicamentos.