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Ablação de Fibrilação Atrial em Pacientes com Insuficiência Cardíaca Pode Salvar Vidas?
Escrito por
Pedro Veronese
Publicado em
16/10/2017
O estudo CASTLE-AF, que comparou ablação por cateter vs tratamento convencional da fibrilação atrial (FA) em pacientes com disfunção ventricular importante, foi apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia – ESC 2017.
Os critérios de inclusão do estudo foram: fibrilação atrial paroxística ou persistente em pacientes sintomáticos; intolerância ou falência de pelo menos uma droga antiarrítmica (AA) ou a recusa do paciente em tomar um AA; FEVE ≤ 35%; insuficiência cardíaca CF ≥ II (NYHA); portador de um dispositivo eletrônico implantável (CDI ou ressincronizador) com monitoramento a distância.
O objetivo primário composto do estudo foi avaliar mortalidade por todas as causas ou internação por piora da insuficiência cardíaca (IC). Havia inúmeros objetivos secundários sendo o mais relevante a avaliação da mortalidade por todas as causas de forma isolada.
Após um seguimento médio de 5 anos os resultados encontrados foram: no desfecho primário composto por mortalidade por todas as causas ou internação por piora da IC, uma redução de 38% no grupo ablação em comparação ao grupo tratamento convencional (p = 0,007). Em relação aos desfechos secundários, sempre com benefício para o grupo ablação, os resultados foram: redução de 47% na mortalidade por todas as causas (p = 0,011), redução de 44% nas internações por piora da IC (p = 0,0004), redução de 51% na mortalidade cardiovascular (p = 0,008) e de 28% na hospitalização por causas cardiovasculares (p = 0,041).
Como os pacientes podiam ser monitorados em casa por meio dos dispositivos eletrônicos implantados, os autores do estudo comentaram que os achados acima, em parte, podem ser explicados por uma significativa redução da carga de FA sem o uso de fármacos AA.
Concluímos fazendo algumas considerações que julgamos extremamente importantes. O trabalho ainda não foi publicado e portanto não tivemos acesso a todos os detalhes do estudo. Os pacientes incluídos eram sintomáticos e ainda hoje sabemos que a principal indicação de ablação de FA é para redução de sintomas, portanto, esses achados não podem ser transferidos para pacientes assintomáticos. Destacamos também que a tecnologia dos cateteres utilizados neste estudo, os softwares de mapeamento eletroanatômico e a expertise das equipes de eletrofisiologia são pontos fundamentais para o sucesso do procedimento. Desta forma, muitas vezes fica difícil reproduzir esses resultados no SUS.