Ablação de FA em pacientes com IC reduz desfechos?

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Em 2017, a apresentação do trial CASTLE-AF no congresso europeu de cardiologia causou alvoroço. Nesse estudo, foi mostrado que a ablação, quando utilizada em uma população bem específica de pacientes com insuficiência cardíaca (ICFER), poderia reduzir mortalidade. Apesar deste estudo, a última diretriz americana de FA colocou o procedimento como indicação IIb (conduta de exceção) em pacientes com ICFER sintomática. Entre outros motivos, isso se deveu a se tratar de apenas um estudo mostrando benefício. Seria interessante então termos outros trials num cenário similar. Nesse contexto entra o trial RAFT-AF, apresentado no congresso ACC 2021. Principais pontos do estudo:

  • 411 pacientes randomizados
  • Critérios de inclusão resumidos: paciente devia ter FA paróxistica que fosse de alta carga arrítmica (ex:≥4 episódios nos últimos 6 meses sendo ao menos um superior a 6 horas) ou FA persistente + IC NYHA 2 ou 3 apesar de tratamento clínico otimizado. Entraram tanto pacientes com FE reduzida quanto com FE preservada.
  • Lembrando o conceito de FA paroxística, persistente e permanente:
  • Principais critérios de exclusão: átrio esquerdo >55 mm pelo eco, impossibilidade de ser anticoagulado, valvopatia reumática, síndrome coronariana aguda recente.
  • Endpoint primário - desfechos compostos (morte + internação por IC + necessidade de idas ao PS para fazer diurético IV).

Resultados:

  • Não houve diferença significante de desfechos entre os dois grupos.
  • No subgrupo de pacientes com FE abaixo de 45%, houve uma tendência à redução de eventos mas que não atingiu a significância estatística.
  • Na parte de endpoints secundários, notou-se melhor qualidade de vida, maior distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos e maior aumento da FE no grupo da ablação. Mas... tudo isso foi desfecho secundário. O que muda conduta, na prática, é o endpoint primário. E esse, foi negativo.
  • Para maiores dados do estudo, veja nosso vídeo abaixo: