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Você já ouviu falar em Cardiac Power Output?
Escrito por
Lucas Aguiar
Publicado em
22/3/2024
Cardiac Power Output (CPO) é mais um parâmetro utilizado para auxiliar no manejo do choque cardiogênico. Essa variável foi descrita por Fincke em uma subanálise do SHOCK trial (Should We Emergently Revascularize Occluded Coronaries for Cardiogenic Shock), publicado no NEJM em 1999. Foi descrito como o índice mais fidedigno de desfecho no choque cardiogênico.
CPO, em tradução para o português, seria a taxa de energia necessária o coração gerar o débito cardíaco; ou a energia hidráulica para manter funcionando a circulação. O valor normal em repouso é de 1 Watt, podendo aumentar conforme exercício ou estresse para 6 Watts. Já o valor significativamente alterado é < 0,6, sendo este valor um forte preditor de mortalidade de óbito no choque cardiogênico.
O seu cálculo é simples, podendo ser calculado beira-leito de terapia intensiva dispondo-se de essencialmente duas variáveis hemodinâmicas. A primeiras delas é a pressão arterial média, facilmente obtida de forma não invasiva ou invasiva (esta última mais fidedigna). E a outra, o débito cardíaco, variável frequentemente monitorada em um contexto de choque cardiogênico. Esta medida pode ser obtida através de termodiluição (PICCO ou EV1000 por exemplo) ou cateter de artéria pulmonar (o nosso famoso swan ganz). Outra forma seria através do cálculo do VTI em ecocardiograma beira leito, sendo possível a estimativa do debito cardíaco. Esta última você pode relembrar esse outro excelente post! (https://www.cardiopapers.com.br/como-medir-o-debito-cardiaco-usando-a-metodologia-pocus/)
Pronto, agora com essas duas variáveis em mãos, partimos para o cálculo simples, conforme seguinte fórmula:
O resultado numérico desse cálculo que você deve objetivar durante o manejo do choque cardiogênico é > 0,6, a fim de mudar mortalidade. O racional de incluir mais essa variável no auxílio do manejo é de que, além do valor numérico do débito cardíaco, o CPO representa a habilidade da bomba cardíaca de gerar fluxo contra a resistência vascular sistêmica.
Em outras palavras, integra o próprio débito cardíaco com a pressão gerada pelo coração (pressão arterial média), sendo portanto mais uma ferramenta para nos auxiliar na abordagem desse paciente.
Referências
MENDOZA, Dorinna D.; COOPER, Howard A.; PANZA, Julio A.. Cardiac power output predicts mortality across a broad spectrum of patients with acute cardiac disease. American Heart Journal, [S.L.], v. 153, n. 3, p. 366-370, mar. 2007. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.ahj.2006.11.014.
LIM, Hoong Sern. Cardiac Power Output Revisited. Circulation: Heart Failure, [S.L.], v. 13, n. 10, p. 547-549, out. 2020. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1161/circheartfailure.120.007393.