Você Conhece O Eritema Pigmentar Fixo?

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O eritema pigmentar fixo é uma farmacodermia relativamente comum nos pacientes ambulatoriais. Apresenta-se como máculas arredondadas geralmente únicas, mas podem ser múltiplas, de coloração eritemato-violácea inicialmente e evolução para hiperpigmentação residual. Bolhas podem estar presentes nas lesões, no entanto não são obrigatórias. A característica mais peculiar dessa farmacodermia é a recidiva no mesmo local após cada reexposição à droga.

Inicialmente 2 semanas são necessárias para o surgimento da lesão; já nas reexposições, as lesões novas surgem ou as máculas hipercrômicas preexistentes tornam-se eritematosas ou com vesículas e bolhas, em 1 a 2 dias. Com a reexposição sucessiva novas lesões vão surgindo. As mucosas oral e genital também são frequentemente acometidas, e por esta razão esta farmacodermia deve ser considerada nos diagnósticos diferenciais de doenças vesicobolhosas nessas topografias.

Há variantes clínicas: Forma generalizada com múltiplas lesões, forma bolhosa generalizada, forma lineares que segue as linhas de Blashko e uma forma em que não há hipercromia pós-inflamatória, associada a pseudoefedrina, muito presente nos antigripais.

O paciente deve ser orientado a criar um diário de medicações para que se possa identificar a droga causadora da erupção. O patch test realizado no local das lesões prévias também é capaz de identificar a medicação culpada.

Drogas mais comumente envolvidas são:

1)Antimicrobianos: Sulfas, tetraciclinas, betalactâmicos, macrolídeos, quinolonas, e azólicos

2) Analgésicos e anti-inflamatórios: Aines, paracetamol, ácido acetilsalicílico.

3) Outros: Barbitúricos, inibidores de bomba de prótons, aditivos alimentares, contraste iodado, biológicos.

A histopatologia mostra uma dermatite de interface com queratinócitos apoptóticos e melanófagos na derme. Nos quadros generalizados bolhosos pode ser muito semelhante à síndrome de Steven-Johnson, contudo alguns fatores podem ajudar a diferenciar clinicamente os dois quadros:

1) No eritema fixo bolhoso disseminado, o paciente tem poucos sintomas sistêmicos, a pele adjacente às lesões bolhosas é normal, as mucosas afetadas geralmente são o vermelhão do lábio, o pênis e os testículos, a resolução é rápida em 10 dias com hiperpigmentação.

2) Na Síndrome Steven-Johnson o paciente tem muitos sintomas sistêmicos, a mucosa é extensamente acometida, a resolução é lenta em várias semanas e com cicatrizes.

O tratamento do eritema fixo é afastar a droga culpada, corticoides tópicos podem ser utilizados durante a fase inflamatória para aliviar sintomas. A hipercromia pós-inflamatória pode durar meses a anos. Nos quadros generalizados bolhosos cuidados de suporte semelhantes aos da síndrome de Steven-Johnson podem ser necessários.

Referências:

Cheraghlou, S., & Levy, L. L. (2020). Fixed drug eruptions, bullous drug eruptions, and lichenoid drug eruptions. Clinics in Dermatology, 38(6), 679–692. https://doi.org/10.1016/J.CLINDERMATOL.2020.06.010

Tsang, D. A., Lim, S. Y. D., Justin, W. S. B., & Hui, L. L. Y. (2022). Generalized Bullous Fixed Drug Eruption to Iodinated Contrast Media in Skin of Color. The American Journal of Medicine. https://doi.org/10.1016/J.AMJMED.2022.07.010