Você conhece a FAPD (Alopecia fibrosante em padrão de distribuição androgenética)?

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A FAPD foi inicialmente descrita por Zinkernagel e Trueb em 2000 como um tipo distinto de alopecia cicatricial linfocítica. É caracterizada por uma combinação de características clínicas, tricoscópicas e histopatológicas do líquen plano pilar e alopecia androgenética. A FAPD também pode coexistir com alopecia fibrosante frontal.

O LPP clássica é uma alopecia imunomediada com inflamação linfocítica que leva à destruição seletiva dos folículos capilares, resultando em alopecia cicatricial, com perda em áreas irregulares. A AFF já foi considerada um subtipo de LPP com envolvimento seletivo da linha do cabelo fronto-temporal e sobrancelhas, mas hoje em dia é considerada uma entidade clínica distinta.

Na FAPD, ao contrário da LPP, encontramos pelos velhos e queda de cabelo em uma distribuição de padrões envolvendo o couro cabeludo dependente de andrógeno (semelhante a AGA). Ao contrário da AGA, encontramos muitas áreas focais de alopecia cicatricial, eritema peripilar e hiperqueratose peripilar na tricoscopia.  

Foi descrita pela primeira vez em caucasianos, mas também pode afetar hispânicos e afrodescendentes. É mais comum nas mulheres, mais frequentemente na pós-menopausa ou perimenopausa. É raro em homens e, nesses, pode se desenvolver em idades mais jovens.

Esta entidade pode facilmente ser diagnosticada como AAG com dermatite seborreica concomitante, com atraso no diagnóstico e consequente progressão da fibrose, levando a alopecia irreversível.

DIAGNÓSTICO

A FAPD pode ser diagnosticada pela combinação de exame físico, tricoscopia e histopatologia. 

Os principais diagnósticos diferenciais são AGA, AGA mais dermatite seborreica e LPP clássico.

Clinicamente, a FAPD apresenta-se com perda de cabelo envolvendo couro cabeludo dependente de andrógenos - padrão de Ludwig em mulheres e padrão de Hamilton-Norwood em homens com curso lentamente progressivo. Alguns pacientes queixam-se de sintomas no couro cabeludo como disestesia, dor, sensação de queimação e prurido.

No exame físico: baixa densidade capilar e às vezes eritema perifolicular, hiperqueratose folicular e ausência de aberturas foliculares. 

A FAPD pode afetar as sobrancelhas, mas, ao contrário da AFF, a FAPD não é conhecida por afetar os cílios ou outros pelos do corpo.

Na tricoscopia: perda de aberturas foliculares, eritema perifolicular e hiperqueratose perifolicular. Estes últimos podem ter formato tubular ao redor do cabelo: cilindros peripilares. Outros achados são semelhantes a AGG: como variabilidade do diâmetro do cabelo . A presença de pêlos velos na FAPD ajuda para distingui-lo do LPP clássico

O histopatológico confirma a doença : as lesões iniciais, encontramos um infiltrado linfo-histiocitário circundando o folículo piloso ; dermatite de interface nas regiões de  istmo e infundíbulo  com degeneração vacuolar dos epiteliócitos foliculares. Lesões avançadas mostram fibrose lamelar perifolicular concêntrica  e tratos foliculares fibrosados. Há miniaturização do folículo piloso, apoptose dos queratinócitos basais e diminuição do número de glândulas sebáceas.

TRATAMENTO

Existem poucos dados disponíveis, limitados a pequenos estudos retrospectivos e relatos de casos. O objetivo primário do tratamento é estabilizar a progressão da queda de cabelo e um objetivo secundário é conseguir regeneração.

Os corticosteróides tópicos são os anti-inflamatórios mais utilizados, melhorando os sintomas do couro cabeludo por si só e estabilizando a queda de cabelo em combinação com outros agentes como Minoxidil tópico ou oral.

A hidroxicloroquina oral é comumente usada tanto em AFF como no LPP. Alguns dados apontam o seu benefício potencial no FADP em dose diária de 200-400 mg combinada com a  terapia tópica com propionato de clobetasol e minoxidil 5%.

Os medicamentos antiandrogênicos ( inibidores de 5 alfa redutase) como Finasterida e dutasterida  mesmo em monoterapia podem estabilizar a doença. Embora sejam bastante usados sistemicamente junto com a hidroxicloroquina.

Referencia;

Revista SPDV 78(3) 2020; Alopecia fibrosante em padrão de distribuição androgenética: Patogénese, diagnóstico e tratamento; A. Marcos-Pinto,G. De Caprio, R.

Oliveira Soares