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Varíola dos macacos (Mpox): uma emergência de saúde pública!
Escrito por
Júlio Chaves
Publicado em
26/8/2024
A varíola dos macacos (Mpox) foi declarada uma emergência de saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial da Saúde. A doença, é uma doença séria e vem preocupando todos os cientistas e autoridades do mundo.
A OMS alertou para a transmissão rápida de uma nova variante do vírus que se espalhou na República Democrática do Congo e, agora, está presente em mais de dez países africanos.
Desde o início deste ano, foram notificados mais de 17.000 casos e mais de 500 mortes em 13 países de África, de acordo com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças, que classifica o surto como um “evento de risco muito elevado”. O maior número de casos, mais de 14.000 registra-se na República Democrática do Congo, que notificou 96% dos casos confirmados este mês. Essa nova variante chamada de “CLADO 1B” é mais transmissível e mais letal que a “CLADO 2” responsável pelo surto da varíola dos macacos em 2022
A Monkeypox (MPX) é uma doença causada pelo Monkeypox vírus (MPXV) que é um orthopoxvírus e possui DNA dupla-fita, semelhante ao vírus da varíola e vaccínia. Há dois clados responsáveis pelos casos da doença na região Central e no Oeste da África.
Em maio/2022, iniciou-se um surto global de MPX quando foram notificados casos confirmados em países não endêmicos. No dia 23 de julho de 2022, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional .
Os reservatórios da MPX permanecem desconhecidos e a transmissão da doença ocorre principalmente por contato com animais infectados (principalmente primatas). Apesar de os modos de transmissão do surto atual não estarem totalmente esclarecidos, a transmissão pessoa a pessoa pode ocorrer através do contato direto com as lesões cutâneas; do contato indireto com roupas pessoais, roupas de cama contaminadas; e de gotículas respiratórias. Geralmente a transmissão por gotículas requer contato prolongado, fazendo com que os contatos próximos, como profissionais de saúde e familiares, apresentem maior risco de serem infectados. O período de transmissão da doença se encerra com o desaparecimento das lesões.
O período entre a exposição e o surgimento dos sintomas (período de incubação) varia de 5 a 21 dias, geralmente ocorrendo entre o quinto e o décimo-terceiro dia.
Sintomas sistêmicos típicos são: febre, rash cutâneo, mialgia e linfadenopatia. Os sintomas iniciais podem ser inespecíficos por até 5 dias, seguido de manifestações cutâneas características.
As lesões cutâneas habitualmente se iniciam como mácula, evoluindo para pápula, vesícula e pústula com umbilicação com formação posterior de crostas que secam e caem. Alguns pacientes têm apresentado lesões, sem os pródromos iniciais. As lesões cutâneas tendem ser centrífugas, iniciando em face e disseminando para as extremidades, podendo acometer regiões mucosas. O curso da doença é autolimitado e geralmente os sintomas duram de 2 a 4 semanas.
As complicações da doença envolvem acometimento pulmonar, do sistema nervoso central, da córnea e infecções secundárias.
A suspeita diagnóstica deve seguir os critérios definidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, sendo de notificação obrigatória dentro de 24 horas. O diagnóstico definitivo de MPX é realizado através da identificação do DNA viral (PCR ou sequenciamento) ou pelo isolamento do vírus em cultura, em espécime clínico (geralmente material das lesões cutâneas/mucosas). Na avaliação diagnóstica diferencial, inclui-se varicela, herpes simples, sífilis, varíola e outras infecções por poxvírus.
Medidas para prevenção de infecções devem ser implementadas para reduzir o risco de transmissão: higiene das mãos, uso adequado de EPI (avental, luvas, óculos de proteção, máscaras cirúrgicas e respiradores (N95, PFF2 ou similar).
Para a maioria dos casos, a doença evolui de forma leve, com tratamento sintomático e de suporte clínico. Para os casos graves, cuidados de suporte (incluindo hospitalização) são indicados até a completa recuperação.
Agentes antivirais para tratamento da varíola têm sido aprovados nos Estados Unidos, os quais presume-se que sejam efetivos para o tratamento de MPX; mas ainda não estão disponíveis no Brasil, embora o Ministério de Saúde do Brasil tenha anunciado, no último dia 1º de agosto, que o país receberá o antiviral através da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O antiviral Tecovirimat se mostrou promissor com redução dos sintomas/gravidade. Portanto é o antiviral de escolha para monkeypox, embora tenha sido sugerida a combinação com Cidofovir para pacientes com evolução grave da doença.
Referencia:
ANVISA. Orientações para Prevenção e Controlle da Monkeypox em Serviços de Saúde - Nota
Técnica GVIMS/ GGTES/DIRE3 – Nº 03/2022. Atualizada em 02/06/2022