Uso de AINH e mortalidade cardiovascular

Um artigo publicado essa semana no American Journal of Medicine avaliou o risco de eventos cardiovasculares em pacientes idosos, hipertensos e coronariopatas estáveis que estavam em uso crônico de anti-inflamatórios não hormonais (AINH).

Foi realizada uma análise post hoc de pacientes incluídos no estudo de coorte INVEST (international verapamil-trandolapril study). Foram comparados 882 pacientes que relatavam uso crônico de AINH com 14408 pacientes sem uso e 7286 em uso intermitente, num seguimento médio de 2,7 anos.O desfecho primário (mortalidade por qualquer causa, IAM ou AVC não fatal) ocorreu numa taxa de 4,4 eventos por 100 pacientes-ano em usuários crônicos de AINH contra 3,7 em não usuário ou usuários intermites (HR 1,47, p 0,0003). Em relação à mortalidade cardiovascular, o risco foi ainda maior (HR 2,26, p < 0,0001).A indicação era, na maioria dos casos, por artrite reumatóide, osteoartrite ou dor lombar. Quanto ao AINH utilizado, estudos prévios mostram que todos aumentam o risco cardiovascular (ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco etc). Uma metanálise sugere que o risco parece ser um pouco menor com o uso do naproxeno em comparação aos outros.Já sabíamos que o uso de AINH nesse perfil de pacientes era deletério. Esse estudo somente reforçou esse dado, o que nos deve fazer pensar duas vezes antes de utilizar AINH para controle álgico nesse perfil de paciente. Devemos otimizar ao máximo outras medicações, como analgésicos comuns (dipirona e paracetamol) e/ou opióides fracos.Referência: Bavry AA, Khaliq A, Gong Y, et al. Harmful effects of NSAIDs among patients with hypertension and coronary artery disease. Am J Med 2011; 124:614-620.