Uso da colchicina na dermatologia

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A colchicina é um alcaloide natural derivado da planta Colchicum autumnale  ou açafrão-do-prado é uma espécie de planta com flor. No antigo Egito e Grécia, possuia uso medicinal e venenoso e ultimamente tem sido estudada pelo seu extrato anticancerígeno, que teria um potencial seletivo em atacar as células tumorais, preservando as células sadias. Dela também é extraída a colchicina, usada em tratamento de gota.

        A colchicina  acumula-se em dosagem mais elevada nos leucócitos do que em outras células sanguíneas, reduzindo a sua capacidade funcional, especialmente nos neutrófilos, bem como reduzindo a sua migração e a sua capacidade de degranulação por inibição da polimerização dos microtúbulos. Esse acúmulo atinge seu pico cerca de 48 h após a ingestão do fármaco. A colchicina também parece estar envolvida na inibição das ciclooxigenases COX-1 e COX-2. Devido a esse efeito anti-inflamatório, essa droga foi inicialmente proposta para o manejo de várias doenças inflamatórias e neutrofílicas da pele.  

        A administração pode ser tópica ou oral. A tópica  pode ser na concentração 0,5- 1%.Na administração oral, a dosagem  varia de 0,5 a 2 mg por dia. Seu metabolismo é primariamente hepático; depois disso, a droga é excretada pela bile e pelos rins.

       Pode ser utilizada em crianças acima 4 anos, adultos e idosos ( usar com cautela, podendo dimunuir a dose em 50%). Pode atravessar a placenta e o leite materno, dessa forma, deve ser avaliados risco e benefício do uso da droga na gestação e amamentação.  

      Os efeitos colaterais afetam 10% dos pacientes tratados e são, principalmente, sintomas gastrointestinais, como vômitos, diarreia e náuseas. Outros Efeitos colaterais incluem dano muscular e eflúvio anágeno ou telógeno, de acordo com à dosagem da droga.  Existem aqueles efeitos colaterais  relacionados a superdosagem como arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca, insuficiência renal  e mielossupressão.  

      Já existe indicações bem estabelecidas do uso da colchicina oral nas dermatoses neutrofílicas (pioderma gangrenoso, síndrome de sweet), algumas vasculites ( doença de Bechet, eritema elevado de diutinum, urticária vasculite e vasculite leucocitoclástica), algumas buloses ( pênfigo, penfigóide, alguns tipos EB). A colchicina tópica também pode ser utilizada e uma das indicações mais recente, com bons resultados,  é o uso nas queratoses actínicas recalcitrantes(0,5% em gel hidrofílico 2x dia).  

        A colchicina ainda pode ser utilizada em algumas doenças  dermatológicas como terceira linha , o que acontece na acne vulgar , nos pacientes não respondedores aos retinóides com lesões nódulos císticas e em casos desafiandores como liquen amiloideo.  

          É importante, estudarmos  o universo da colchicina, pois cada vez mais cresce a lista de indicações dermatológicas. Saber   manejar o uso  dessa  droga que é   tão promissora e entendermos qual seu real papel nas doenças dermatológicas.  

Dastoli S, Nisticò SP, Morrone P, Patruno C, Leo A, Citraro R, Gallelli L, Russo E, De Sarro G, Bennardo L. Colchicine in Managing Skin Conditions: A Systematic Review. Pharmaceutics. 2022 Jan 27;14(2):294. doi: 10.3390/pharmaceutics14020294. PMID: 35214027; PMCID: PMC8878049.