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Testosterona e Mortalidade: Desvendando Essa Relação
Escrito por
Humberto Graner
Publicado em
23/5/2024
Os níveis de testosterona diminuem progressivamente à medida que envelhecemos. Por outro lado, os níveis séricos de globulina ligadora de hormônios (SHBG) aumentam proporcionalmente. À medida que o SHBG aumenta, há menos testosterona disponível para os tecidos. Existem diversas condições que reduzem os níveis de testosterona, entre elas: sobrepeso e obesidade, bebidas alcoólicas em excesso, doença hepática, medicações (opioides, corticosteroides, antidepressivos), insônia e apneia do sono, e estresse crônico.
Mas, afinal, essa redução de testosterona implica em maior mortalidade?
Uma nova meta-análise utilizou dados individuais para avaliar 24.109 homens de 11 estudos de coorte. Foram escolhidos estudos que utilizaram espectrometria de massa para testes hormonais, que é mais preciso do que outros estudos que utilizaram imunoensaios. Os investigadores avaliaram vários hormônios (testosterona, globulina ligadora de hormônio sexual (SHBG), hormônio luteinizante (LH), diidrotestosterona (DHT) e concentrações de estradiol) e os compararam com mortalidade por todas as causas, morte cardiovascular e eventos cardiovasculares. Os resultados foram ainda ajustados por idade, índice de massa corporal, estado civil, consumo de álcool, tabagismo, atividade física, hipertensão, diabetes, concentração de creatinina, proporção entre colesterol total e colesterol de lipoproteína de alta densidade e uso de medicamentos.
Níveis baixos de testosterona (<213 ng/dL) tiveram uma correlação mais forte com mortalidade por todas as causas. Os níveis tiveram que cair para <153 ng/dL para serem associados a maior mortalidade cardiovascular. Níveis elevados de SHBG foram associados a mais eventos cardiovasculares e mortalidade por todas as causas.
A melhor maneira de reduzir esse risco é aumentar a produção inata de testosterona no corpo. Se houver insuficiência gonadal primária (hormônio luteinizante elevado), pode ser necessário administrar testosterona. Mas a maioria dos homens tem fatores de risco modificáveis que, se abordados, podem aumentar a testosterona. A administração de testosterona externamente em injeções, géis ou adesivos reduz essa produção inata.
O estudo SHIP mostrou que os homens que mantiveram hábitos de vida saudáveis retardaram o declínio normal da testosterona com o envelhecimento. E um estudo recente de 2024 mostrou que administrar testosterona em homens com hipogonadismo e pré-diabetes não reduziu o risco de progressão para diabetes. Antes de considerarmos a prescrição de testosterona, o objetivo deve ser abordar as causas subjacentes: sobrepeso e obesidade, sedentarismo, bebidas alcoólicas em excesso, síndrome metabólica, distúrbios do sono, geralmente são significativos.
Saúde tem mais a ver com o que você faz do que com o que você toma.
Referência
Yeap BB, Marriott RJ, Dwivedi G, et al. Associations of Testosterone and Related Hormones With All-Cause and Cardiovascular Mortality and Incident Cardiovascular Disease in Men : Individual Participant Data Meta-analyses. Ann Intern Med. 2024 May 14. doi: 10.7326/M23-2781. Epub ahead of print.
Haring R, Ittermann T, Völzke H, et al. Prevalence, incidence and risk factors of testosterone deficiency in a population-based cohort of men: results from the study of health in Pomerania. Aging Male. 2010;13(4):247-257. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/13685538.2010.487553#2b85d6ca-6520-4a3d-8e4a-aa9f2ee3f33d-b6de7b7c-de82-45a5-9538-313dd15c6659Bhasin S, Lincoff AM, Nissen SE, et al. Effect of Testosterone on Progression From Prediabetes to Diabetes in Men With Hypogonadism: A Substudy of the TRAVERSE Randomized Clinical Trial. JAMA Intern Med. 2024;184(4):353-362. https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2814401