Tendência Do Melanoma Em Nível Global – Subtipo Morfológico Mudaria Prognóstico?

Compartilhe

O melanoma é um tumor que mostra diferenças marcantes na incidência, mortalidade e sobrevivência em todas as populações do mundo. Cada vez mais procura-se fatores prognósticos específicos para cada subtipo populacional, como mais uma chave dos programas de diagnóstico e tratamento do melanoma. Já é sabido que a profundidade de invasão dos melanomas é um fator prognóstico extremamente relevante. Contudo, pesquisas recentes avaliam o possível papel prognóstico da morfologia isolada do tumor, já que se percebe uma variação entre países e continentes.

Melanomas lentiginosos acrais e nodulares costumam predominar em grupos com pele mais escura (fototipos altos). Os melanomas extensivos superficiais são mais comuns em pessoas de pele mais clara (fototipos baixos). De forma geral, acreditava-se que os melanomas nodulares e acrais tinham prognóstico pior pelo estágio mais avançado em que eram detectados. Contudo, estudos recentes mostraram que essas formas apresentam menor sobrevida mesmo após análise com ajuste para sexo, idade e estágio da doença ao diagnóstico.

Ao mesmo tempo, para melanomas extensivos superficiais, a sobrevivência foi menos na Ásia e Europa Oriental quando comparada a outras regiões do mundo. De forma global, este subtipo de tumor tem sido diagnosticado mais precocemente, resultando em maior sobrevida geral.

A vigilância de médio longo prazo das tendências globais na incidência e prognóstico do melanoma podem servir de base para programas de intervenção e controle deste câncer. Dados de qualidade de registros de câncer são fundamentais para essas comparações, e infelizmente algumas diferenças nos relatórios histopatológicos limitam a análise e interpretação de dados, incluindo a falta de descrição do subtipo tumoral. Ficaremos aguardando novos estudos e observando que informações podem impactar os pacientes com esta condição.

Referências:

Olsen Catherine M. International surveillance of trends in melanoma survival: the impact of morphology, British Journal of Dermatology (2022) 187, pp281–287, DOI: 10.1111/bjd.21651

Di Carlo V, Stiller CA, Eisemann N et al. Does the morphology of cutaneous melanoma help explain the international differences in survival? Results from 1578482 adults diagnosed during 2000– 2014 in 59 countries (CONCORD-3). Br J Dermatol 2022; 187:364– 80