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A suplementação de cálcio corresponde a uma das estratégias terapêuticas tidas como fundamentais no seguimento de indivíduos com osteopenia ou osteoporose, juntamente à reposição de vitamina D3, à atividade física e, se indicadas, ao uso de drogas anti-osteoporose. Muitos clínicos, no entanto, ainda têm dúvidas de qual seria a melhor forma de realizar esta suplementação.
De acordo com as mais diversas diretrizes, a reposição de cálcio deve sempre ser orientada em indivíduos com perda de massa óssea. A dose indicada não é ainda um consenso. O AACE orienta que a dose de 1200mg/dia seja preferida, enquanto outras sociedades ficam mais em cima do muro, aceitando doses entre 1000 a 1200mg/dia.
É consenso, no entanto, que se evitem doses abaixo de 700 a 800mg/dia ou acima de 1200 mg/dia. Neste último caso, pode-se aumentar o risco de nefrolitíase e, talvez, de doença cardiovascular, de acordo com algumas metanálises.
A ingestão pela dieta tem sido considerada a forma preferencial de reposição. Acredita-se que o cálcio elementar presente nos alimentos tem melhor absorção intestinal e, assim, melhor biodisponibilidade.
Para orientar o paciente, portanto, é preciso conhecer os alimentos mais ricos em cálcio: leite e derivados e folhas verdes. Como regra prática, podemos prescrever a ingestão diária de pelo menos 4 porções deste alimento (considerando que cada porção teria entre 250 a 300mg de cálcio elementar, aproximadamente). Exemplos de porções: um copo de leite; uma fatia de queijo; um pote de iogurte.
Mas em muitos casos, a reposição pela dieta não é possível: intolerância ao leite, veganismo ou na recusa do paciente por não se adaptar ao sabor. Mesmo sabendo que outros tipos de alimentos também contêm cálcio, como a soja, nem sempre a ingestão diária vai atingir a dose necessária.
Nestes pacientes, é preciso, portanto, realizar a suplementação com sais de cálcio: carbonato, citrato ou, menos utilizado, fosfato de cálcio. As preparações existentes no mercado são muitas, mas é preciso ter em mente que nem todas possui a quantidade necessária de cálcio elementar.
O carbonato de cálcio, por exemplo, possui apenas 40% de cálcio elementar. Ou seja, se o paciente faz uso de 500mg de carbonato, ele só está absorvendo 200mg de cálcio elementar. Assim, é preciso checar se a preparação em uso pelo paciente possui 500mg de carbonato ou 500mg de cálcio elementar (esta informação costuma estar presente no próprio recipiente da medicação ou na bula).
É preciso também estar atento para algumas situações em que o citrato de cálcio deve ser escolhido em detrimento ao carbonato: nefrolitíase e situações de hipocloridria (como no uso crônico de inibidores de bomba de prótons e após cirurgias bariátricas). A acidez gástrica é importante para a absorção do cálcio quando ele é ingerido na forma de carbonato. Já o citrato independe do baixo pH estomacal. Importante lembrar que o citrato possui apenas 21% de cálcio elementar.
E cuidado para não indicar os sais de cálcio em pacientes que já têm ingestão parcial ou total pela dieta. Nesta situação, a dose total diária de suplementação de cálcio vai ultrapassar o máximo de 1200mg.