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Sistemas automatizados de administração de insulina no DM tipo 2: novo estudo

Escrito por
Erik Trovao
Publicado em
20/3/2025

Os sistemas automatizados de administração de insulina (AIDs) combinam uma bomba de insulina e um monitor contínuo de glicose e têm um papel importante, com benefícios comprovados, em pacientes com diabetes mellitus tipo 1. No entanto, ainda há uma falta de dados de ensaios clínicos randomizados avaliando seu papel em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2).
Um estudo multicêntrico e randomizado recente, publicado no The New England Journal of Medicine, avaliou a eficácia e a segurança desses sistemas em adultos com DM2 tratados com insulina. O monitoramento contínuo da glicose (MCG) foi utilizado em todos os indivíduos incluídos no estudo.
Um total de 319 pacientes foram recrutados, designados aleatoriamente em uma proporção de 2:1 para receber o sistema AID ou para manter o método de administração de insulina pré-estudo, ambos usando CGM em tempo real. O desfecho primário foi a variação no nível de hemoglobina glicada (HbA1c) ao longo de 13 semanas, enquanto os desfechos secundários incluíram medidas de controle glicêmico por meio de dados de CGM, como a porcentagem de tempo na faixa-alvo de 70 a 180 mg/dL e a incidência de eventos hiper e hipoglicêmicos.
Os resultados mostraram uma redução significativa da HbA1c no grupo AID, com uma redução média de 0,9 pontos percentuais (de 8,2% para 7,3%), em comparação com uma redução de 0,3 pontos percentuais no grupo controle (de 8,1% para 7,7%). O ajuste estatístico mostrou uma diferença média de –0,6 pontos percentuais (IC 95%, –0,8 a –0,4; P<0,001) a favor do sistema automatizado. Além disso, os pacientes do grupo AID apresentaram aumento significativo no percentual de tempo gasto na meta – de 48% para 64% –, o que corresponde a aproximadamente 3,4 horas a mais por dia do que o intervalo desejado, confirmando a superioridade do método no controle da hiperglicemia.
Entretanto, a incidência de eventos hipoglicêmicos monitorados por CGM foi baixa e semelhante em ambos os grupos, com apenas um episódio de hipoglicemia grave relatado no grupo AID. Também foi observada uma redução na dose diária total de insulina, embora um aumento modesto no peso corporal tenha sido registrado em pacientes submetidos ao sistema automatizado. Esses resultados foram consistentes em análises de subgrupos e em diversas abordagens estatísticas, reforçando a robustez dos dados obtidos.
Concluindo, este ensaio clínico demonstra que o uso do sistema AID em adultos com DM2 proporciona uma melhora significativa no controle glicêmico, refletida pela redução da HbA1c e pelo aumento do tempo alvo, sem aumentar o risco de hipoglicemia. Os resultados sugerem que a implementação deste recurso tecnológico pode ser uma estratégia segura e eficaz para otimizar o manejo do DM2, contribuindo para a redução das complicações associadas à doença.