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Síndrome de Ehlers-Danlos: Características clínicas e classificação.
Escrito por
Júlio Chaves
Publicado em
29/7/2024
A Síndrome de Ehlers-Danlos (SED) engloba um grupo de doenças hereditárias, com diferentes padrões de segregação. É também conhecida como “cútis elástica”, “cútis hiperelástica”, “síndrome do homem elástico”, ou ainda, “doença do contorcionista". É caracterizada por defeitos na biossíntese do colágeno e isso pode repercutir na pele, articulações, vasos sanguíneos e órgãos internos, sendo que sua gravidade pode variar de leve até franca ameaça à vida.
Deve-se suspeitar de SED quando, na ausência de outras etiologias, ocorrer hipermobilidade articular, hematomas, sangramento anormal; ruptura/dissecção vascular, fragilidade cutânea, cicatrizes atróficas, hiperextensibilidade cutânea, luxações articulares ou ruptura espontânea de órgãos ocos. O acometimento familiar pode fortalecer o diagnóstico.
Dentre os sinais e sintomas mais identificados junto a pessoa com diagnóstico da SED, podem ser citados a hipotonia muscular, a eversão das pálpebras superiores (Sinal de Meténier), o ato de conseguir tocar no nariz com a língua (Sinal de Gorlin), a possibilidade de dobrar o punho e o polegar até ao antebraço (hipermobilidade articular) e a frouxidão ligamentar. Além de maior predisposição para o desenvolvimento de equimoses, a maior presença de cicatrizes, em decorrência da maior fragilidade cutânea, podendo ser do tipo atróficas, e ainda, a resistência à presença de dor.
Pode ser subdividida nas variantes clássica, hipermobilidade articular, vascular, cifoescoliose, artocalásia, dermatosparaxia, tendo por base as diferentes alterações genéticas da síntese dos colágenos tipo I, III e/ou V.
É fundamental o reconhecimento precoce da SED, já que algumas variantes apresentam risco de lesões físicas (rotura de ligamentos, luxação articular, padrão inestético de cicatrizes cutâneas) e, em variantes mais graves, há risco até de morte.
A classificação de Villefranche considera as alterações genéticas da síntese dos colágenos tipo I, III e/ou V (Tabela 1). Entre os subtipos, as formas clássica, vascular e hipermobilidade articular são os mais prevalentes, sendo a forma vascular associada à mortalidade precoce, antes dos 50 anos de idade.
O diagnóstico é baseado nos achados clínicos e história familiar. A análise molecular, biópsia e cultura de fibroblastos só são realizadas em protocolos de pesquisa.
São diagnósticos diferenciais da SED: osteogênese imperfeita, mucopolissacaridose, cutis laxa, pseudoxantoma elástico, síndrome de Loeys-Dietz.
Referências:
Silva ABA, Benito LAO, Benito RC, Silva ICR. Breves considerações sobre a Síndrome de Ehlers-Danlos. Rev REVOLUA. 2023Abr-Jun; 2(2):290-4