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Simplificando O Tratamento Clínico Do Vitiligo
Escrito por
Alvaro Alves
Publicado em
17/10/2022
O vitiligo é uma dermatose que se caracteriza por máculas acrômicas. A sua fisiopatogenia não é completamente esclarecida, sendo propostas várias teorias, entre elas o ataque autoimune aos melanócitos, sendo suportada pelo sucesso com terapias imunomoduladoras.
O tratamento clínico pode, à primeira vista, parecer complicado, mas vamos desmistificá-lo para que você não tenha dúvida nos casos mais comuns no consultório.
O tratamento tópico isolado vai ser indicado para os pacientes com menos de 10% da superfície corporal acometida e doença estável. O primeiro passo é esclarecer ao paciente que o tratamento é demorado e que dependendo da localização das lesões pode ter alta ou baixa taxa de sucesso. No entanto também é importante esclarecer que tratar as máculas existentes não previne o surgimento de novas lesões.
Então vamos lá, as duas principais drogas que devemos ter em mente para o tratamento tópico do vitiligo são os corticóides tópicos e os inibidores de calcineurina, mas como e quando utilizá-los?
A chave da escolha é a localização das lesões:
- Lesões em áreas com maior risco de efeito colateral pelo uso de corticoides, ou seja, face, dobras, mamilos e região genitaldevem ser tratadas com os inibidores de calcineurina diariamente, já que esses não apresentam efeitos colaterais por uso contínuo. Vão ser aplicados diariamente até duas vezes ao dia nos locais acometidos pelo vitiligo sem necessidade de pausa.
- Lesões que não se encontram nas áreas comentadas anteriormente podem ser tratadas com corticoides de alta potência como o dipropionato de betametasona associado ou não ao ácido salicílico. No entanto, mesmo em áreas que são mais resistentes aos efeitos colaterais dos corticóides precisamos tomar cuidados com efeitos adversos. Aqui, o segredo é o período de pausa para que possamos utilizar esses tratamentos com segurança. Vários esquemas são propostos como por exemplo: Usar 7 noites e parar 7 noites, usar durante a semana e parar nos fins de semana, usar 10 noites e parar 5 noites são apenas alguns exemplos. Quanto menor o tempo de pausa maior será o risco de efeitos colaterais surgirem.
Os períodos de reavaliação devem ser ajustados de acordo com o momento do tratamento. Lesões que vem em lenta melhora podem ser acompanhadas a cada 6 meses por exemplo, pacientes em que as lesões ainda estão surgindo devem ser acompanhados em períodos mais curtos. Se houver rápida progressão das lesões o tratamento sistêmico é indicado.
Resumindo: Pacientes com lesões faciais, intertriginosas ou genitais: Tacrolimo 2x ao dia, uso contínuo. Pacientes com lesões em outras regiões: corticóide tópico uma vez ao dia com intervalos de pausa, usar 7 dias e parar 7 dias, por exemplo.