Resumo do guia prático de atualização da SBP: alimentação complementar para o lactente saudável

Compartilhe

Alguns dos alicerces da alimentação saudável e sustentável são:

-adesão às recomendações de aleitamento materno;

-época de introdução, frequência, diversidade e tipo de alimentos consumidos durante a fase de alimentação complementar;

-a forma como a criança é alimentada;  

-o respeito aos aspectos culturais, regionais e educação das famílias

O leite materno deve ser mantido exclusivo até 6 meses e complementado até 2 anos ou mais. Durante o aleitamento materno o lactente entra em contato com diferentes sensações e sabores vinculados, principalmente, pela alimentação da nutriz. Essa experiência é importante para a formação do hábito alimentar do lactente e facilita a aceitação de novos alimentos durante a introdução da alimentação complementar. Por isso a alimentação da nutriz deve ser muito variada.

Por volta dos seis meses de vida deve-se oferecer a primeira refeição principal (almoço ou jantar) e um lanche na forma de fruta in natura. Sugere-se que a segunda refeição principal seja introduzida 30 dias após a introdução da primeira, juntamente com mais um horário (lanche) de fruta. Nos outros horários a criança deve ser amamentada. Não há rigor em relação a quais alimentos devem ser introduzidos primeiro (fruta ou refeição principal), almoço ou jantar.

A base da alimentação da criança deve ser de preparações culinárias caseiras, compostas por alimentos in natura e minimamente processados, incluindo os diferentes grupos, com pelo menos um alimento de cada grupo, (cereais e tubérculos, leguminosas, hortaliças, carnes e ovos) na refeição principal, preparados com ingredientes culinários e temperos naturais.

Os alimentos ultraprocessados, açúcar e doces não são indicados nos dois primeiros anos de vida pois além de possuírem elevada quantidade de sal, açúcar e gordura, podem influenciar nas preferências alimentares do lactente jovem, levando a formação de hábito alimentar inadequado e relacionado ao risco de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis ao longo da vida.

Preparação: alimentos bem cozidos, amassados com garfo e oferecidos por colher. Evitar usar liquidificador, processador e peneiras. Evitar uso de sal e temperos prontos desde o início e evitar mel no primeiro ano de vida (risco de botulismo). Com o passar dos meses a consistência deverá se aproximar cada vez mais dos alimentos consumidos pela família, sem necessidade de ajustes ("amassar").

Quantidade: deve aumentar progressivamente de acordo com os sinais da criança de fome e saciedade. De seis a oito meses – duas a quatro colheres de sopa e aos 12 meses – fundo de um prato médio. O lactente varia o apetite e quantidade de alimento ingerido entre as refeições e entre os dias. Pode receber os alimentos com uma colher e auxílio de um cuidador mas deve também explorar com suas mãos os alimentos oferecidos para perceber diferentes texturas, temperaturas, formas.

Os alimentos potencialmente alergênicos (leite, ovo, glúten, peixe, etc) devem ser introduzidos a partir dos 6 meses, mesmo nos pacientes atópicos.

A SBP recomenda o uso de fórmulas infantis para lactentes não amamentados menores de 12 meses. Não recomenda o uso de leite de vaca para menores de 12 meses como forma de substituição ao leite materno. Após os 12 meses não há obrigatoriedade de usar fórmula infantil.

Por fim, as famílias brasileiras consomem quase três vezes mais sódio do que o limite recomendado. Por isso a orientação sobre a redução do seu consumo pelas famílias (sal de adição e temperos prontos) deve estar presente para todos antes mesmo do início da introdução dos alimentos complementares. No primeiro ano de vida, também não se recomenda o uso de mel, pois nesta faixa etária os esporos do Clostridium botulinum são capazes de produzir toxinas na luz intestinal e causar botulismo.