Compartilhe
O Que é FFR ( Reserva de Fluxo Fracionada) ? Parte 1
Escrito por
Andre Lima
Publicado em
25/6/2012
FFR – Avaliação funcional invasiva da Doença Coronária
Apesar do desenvolvimento crescente dos métodos de imagem não invasivos, a resolução temporal e espacial da coronariografia permanece como o padrão ouro para guiar revascularização. Porém, ela é limitada em estabelecer significado funcional da estenose coronária, sendo que o principal fator prognóstico em doença coronária (DAC) é a presença e extensão de isquemia. Já foi comentado neste blog sobre o FAME trial, e sabemos que estenoses funcionalmente significativas se beneficiam com o tratamento de revascularização (diminuição de isquemia e melhora de prognóstico); ao passo que, as estenoses sem isquemia induzível (FFR > 0,75), não causam angina por definição e o prognóstico com tratamento clínico é excelente com mortalidade <1%/ano, sendo seguro não realizar angioplastia nesses casos.
Aqui temos uma puchada da ”pressure wire” (distal para proximal), demonstrando isquemia (FFR 0,4) em uma lesão de terço médio da Descedente Anterior apenas moderada pela angiografia.
FFR (Fractional Flow Reserve) pode ser entendida como uma relação entre dois fluxos em vigência de hiperemia máxima (fluxo sanguíneo máximo estimulado por drogas: adenosina, papaverina): o fluxo na presença de uma estenose coronária e o fluxo se a mesma artéria fosse normal. Como o fluxo tem relação linear com a pressão quando em hiperemia máxima, podemos calcular a FFR através da divisão entre a pressão distal à estenose (Pd) e a pressão proximal à estenose (Pa) sob fluxo sanguíneo máximo. Logo, FFR = Pd/Pa. As pressões são aferidas por um cateter especial (pressure wire) e pelo cateter guia. Atualmente, a FFR é o padrão ouro para se estabelecer a significância hemodinâmica da lesão coronária.
Referências:
Nico H. J. Pijls, et al. Functional Measurement of Coronary Stenosis. JACC Vol. 59, No. 12, 2012 March 20, 2012:1045–57
Shaw LJ, Heller GV, Casperson P, et al. Gated myocardial perfusion single photon emission computed tomography in the Clinical Out- comes Utilizing Revascularization and Agressive drug Evaluation. (COURAGE) trial, Veterans Administration Cooperative study no. 424. J Nucl Cardiol 2006;13:685–98
Pijls NH, Fearon WF, Tonino PA, et al. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention in pa- tients with multivessel coronary artery disease: 2-year follow-up of the FAME (Fractional Flow Reserve Versus Angiography for Multivessel Evaluation) study. J Am Coll Cardiol 2010;56:177–84.
Pijls NHJ, van Schaardenburgh P, Manoharan G, et al. Percutaneous coronary intervention of functionally non-significant stenosis: 5-year follow-up of the DEFER study. J Am Coll Cardiol 2007;49:2105–11.
Colaborador Hemodinâmica:
Dr Cristiano Guedes Bezerra
- Clínica Médica pela UNIFESP / EPM
- Cardiologista pelo InCor- FMUSP
- Especializando do Departamento de Hemodinâmica pelo InCor - FMUSP
- Médico Plantonista da Unidade de Emergências Clínicas do InCor- FMUSP