Radioterapia x coração: o que o cardiologista precisa saber? Parte 2

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Para ver a primeira parte do assunto, clique neste link

Principais tecidos onde pode ocorrer sequelas tardias da radioterapia (RT)

Pericárdio:

Historicamente, a forma mais comum de manifestação cardíaca por radioterapia. Inicialmente manifesta-se algumas semanas apos o inicio do tratamento. Atualmente com modernos métodos de radioterapia a incidência reduziu de 20% para 2,5%.

Sua apresentação é geralmente autolimitada, porém 10 a 20% irão desenvolver pericardite crônica 5 a 10 anos apos o evento inicial do quadro agudo.

Caracteristicamente estes pacientes desenvolvem, em paralelo, derrame pericárdico com adesão e espessamento fibroso do pericárdio visceral e parietal. Mesmo pacientes que não apresentam evento agudo podem apresentar pericardite crônica.

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA:

A lesão aterosclerótica ocorre muito comumente em pacientes que foram submetidos à radioterapia. A fisiopatologia está relacionada ao aumento de permeabilidade capilar e geração de radicais livres e ativação da cascata inflamatória. Este processo cursa com proliferação intimal por depósito de miofibroblastos. Os efeitos parecem ser ainda mais comuns nos pacientes que foram submetidos a esquemas com quimioterapia adjuvante ou neoadjuvante. Em alguns casos foi detectado efeito protrombótico relacionado a uma maior concentração do FT Willebrand.

Pacientes com doença coronariana conhecida que fazem RT em geral desenvolvem placas com menor núcleo lipídico. Isto leva a hipótese que a RT na verdade pode ser um importante gatilho e possivelmente a lesão da parede vascular pode levar a diminuição da complacência do vaso que se manifesta tardiamente no desenvolvimento da aterosclerose.

Existem inúmeros casos de pacientes jovens e adolescentes que foram tratados de linfomas, que apresentaram arritmias ventriculares complexas relacionados a lesões ostiais de tronco de coronária esquerda e óstio de coronária direita.