RADIANCE-HTN: denervação renal endovascular por ultrassom - será que funciona?

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RADIANCE-HTN: denervação renal endovascular por ultrassom - será que funciona?

Denervação renal endovascular de nervos aferentes e eferentes renais foi investigado como uma nova opção para redução de pressão arterial em pacientes com hipertensão arterial resistente. O estudo SYMPLICITY-HTN não mostrou melhoras no controle de PA no consultório ou ambulatorial, enquanto o estudo DENERHTN – um estudo aberto – mostrou uma redução de PAS de cerca de 6mmHg com o procedimento. Desde 2017, 3 estudos controlados com protocolos otimizados mostraram eficácia em redução da PA, como o estudo RADIANCE-HTN SOLO, mostrando redução de PA em pacientes com hipertensão leve a moderada.

Mas os efeitos da denervação renal endovascular por ultrassom em pacientes com hipertensão resistente, com pelo menos 3 medicações para tratamento de HAS ,ainda não eram conhecidos. E é esse o desenho do estudo RADIANCE-HTN.

Esse sistema de denervação renal por ultrassom emite um anel de energia de ablação com 1 a 6mm de profundidade para interromper as fibras nervosas perivasculares renais. E a parede arterial é protegida por circulação de água no balão local (ver figura a seguir). São realizadas 2 a 3 aplicações de 7 segundos em cada artéria renal.

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Aquecimento por ultrassom + resfriamento local com água (sistema PARADISE)[/caption]

Como foi o desenho do estudo?

  • Pacientes entre 18 e 75 anos, com PA em consultório ≥ 140x90mmhg com 3 ou mais anti-hipertensivo, ou PA diurna ≥ 135x85mmHg
  • Sem eventos cardiovasculares ou cerebrovasculares nos últimos 3 meses
  • Com ClCr ≥ 40 ml/min e anatomia de artéria renal apropriada.
  • Comparou denervação renal com procedimento placebo / simulado (Sham).
  • Desfecho primário: variação PA diurna em 2 meses.
  • Posteriormente, medidas de PA domiciliar e no consultório em 6 e 12 meses; e medidas de PA em consultório em 24, 36, 48 e 60 meses.

Como foram os resultados?

  • Dos 989 pacientes avaliados, 136 pacientes foram para randomização.
  • Idade media de 52 anos, 19-21% sexo feminino, 64-75% brancos, IMC médio de 32,6-32,8.
  • Cerca de 39-42% pacientes tomando 3 medicações para HAS, 32-36% com 4 medicações e 22-29% com 5 ou mais.Receberam 4 semanas de terapia tripla mínima com Valsartana ou Olmesartana + Anlodipina + hidroclorotiazida.
  • Desfecho primário: por intenção de tratar, houve uma redução de 4,5mmHg no grupo denervação vs placebo (redução de 8 mmHg vs 3mmHg; p 0,022) após 2 meses. Tiveram 6 pacientes do grupo ablação e 4 no grupo placebo sem dados, que foram considerados como sem variação da pressão.
  • Quando avaliados somente os pacientes que realizaram o procedimento, a redução da PA foi ainda maior, de 5,8mmHg (p 0,005).
  • Em relação ao controle de PA (PA diurna < 135x85), tivemos 38% no grupo denervação vs 21% no grupo placebo.
  • Em relação à segurança, tivemos 1 morte súbita no grupo denervação (1%), ocorrida 21 dias após o procedimento não relacionada à ele, 1 caso de insuficiência renal aguda 25 dias após o procedimento associado ao uso de espironolactona (com melhora após suspensão), e 1 episódio de pseudo-aneurisma pós procedimento, corrigido com injeção de trombina.

Precisamos agora aguardar o resultados de seguimento a longo prazo para determinar segurança e se o efeito da denervação se mantém ao longo do tempo.

Mas foi um estudo que mostrou que denervação renal com ultrassom conseguiu reduzir 8mmHg nesse perfil de pacientes, em uso de pelo menos 3 medicações, com efeitos consistentes em PA de consultório, de 24h e noturna. Esperamos agora novos trabalhos avaliando a técnica e seguimento de longo prazo para sabermos se isso poderá ser incorporado à prática no futuro.