Quanto tempo de vida você pode ganhar tratando a pressão arterial?

Compartilhe

O estudo Sprint, já comentado aqui em post anterior, foi um dos mais importantes trabalhos publicados nos últimos anos na cardiologia, mais especificamente, em hipertensão. O estudo mostrou que o tratamento intensivo da PA (PAS < 120mmHg) foi superior ao tratamento padrão (PAS < 140 mmHg) reduzindo eventos cardiovasculares em 25 % e mortalidade por todas as causas em 27%, em pacientes de alto risco cardiovascular, exceto diabéticos.

Como o estudo foi interrompido precocemente pelos resultados apresentados, alguns pesquisadores resolveram verificar a vida útil residual da estratégia intensiva a longo prazo. Trata-se de um sub estudo do Sprint publicado no JAMA, recentemente. Os autores não encontraram evidência de resposta ao tratamento nas estratégias de controle pressóricos e os end points no Sprint. Assim, foi interpretado que a resposta ao tratamento foi estável no decorrer dos 3,3 anos do estudo.

Aplicando metodologia com base na idade e assumindo essa resposta consistente no tratamento no decorrer do estudo, os autores mostraram que o tratamento intensivo agregaria uma sobrevida de 6 meses a 3 anos (considerando até os 95 anos), a depender da idade de início do tratamento. Por exemplo, iniciado aos 50 anos, a estimativa residual de sobrevida com o tratamento intensivo foi de 2,9 anos a mais que o tratamento conservador.  Aos 65 anos, 1.1 e aos 80 anos, 0.8 anos.

A principal limitação do estudo é sem dúvida, a impossibilidade de verificar a aderência medicamentosa e seu impacto.

Os autores concluem que esses dados reforçam a necessidade do controle pressórico, especialmente quando iniciado precocemente e que manter a pressão arterial mais baixa pode prolongar a vida útil, livre de doença cardiovascular.

Referência: Assessment of Long-term Benefit of Intensive Blood Pressure Control on Residual Life Span Secondary Analysis of the Systolic Blood Pressure Intervention Trial (SPRINT). Muthiah Vaduganathan, MD, MPH; Brian L. Claggett, PhD; Stephen P. Juraschek, MD, PhD; Scott D. Solomon, MD.  JAMA Cardiology Published online February 26, 2020