Quando utilizar terapia estrogênica na osteoporose?

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Sabemos que o estrógeno é extremamente importante para a saúde óssea feminina, uma vez que atua como inibidor da reabsorção óssea durante a idade fértil da mulher. Porém, após a menopausa, o hipoestrogenismo resultante leva a perda significativa de massa óssea, com consequente aumento do risco de osteoporose. Mas será que devemos realizara terapia estrogênica da menopausa como prevenção e tratamento da osteoporose?

 

O novo consenso brasileiro de terapêutica hormonal do climatério faz algumas recomendações sobre isto, baseando-se no efeito positivo da terapia estrogênica  sobre o osso em estudos prévios.

 

Inicialmente, é importante lembrar que vários estudos apontam para o aumento significativo da densidade mineral óssea em mulheres na menopausa que iniciam a terapia estrogênica associada ou não ao progestógeno. No WHI, por exemplo, houve um aumento de 4,5%da densidade óssea em coluna lombar e de 3,7% em fêmur total quando a terapia combinada foi comparada ao placebo.

 

Porém, este aumento de massa óssea não seria válido se não fosse refletido em redução do risco de fratura. Mas opróprio WHI mostrou redução do risco de fraturas de quadril e de fraturas vertebrais clínicas. Outros estudos utilizando 2 mg de estradiol também evidenciaram estes efeitos, com redução de 57% no risco de fraturas não-vertebrais.

 

Então a terapia estrogênica pode ser utilizada como tratamento para osteoporose?

 

De acordo com os guidelines internacionais sobre osteoporose, o estrógeno pode ser sim uma opção terapêuticas.No entanto, a maioria das recomendações restringe sua indicação para aquelas mulheres abaixo de 60 anos de idade e com menos de 10 anos de menopausa que já apresentam indicação de terapia hormonal pela presença de sintomas vasomotores.

 

Mas será que não deveríamos considerar a possibilidade de uso do estrógeno mesmo naquelas mulheres sem sintomas menopausais importantes?

 

O novo consenso brasileiro sobre a terapia hormonal da menopausa considera esta possibilidade naquelas mulheres que já apresentam uma perda inicial de massa óssea, especialmente quando terapia alternativas não são apropriadas.

 

Em resumo, o consenso estabelece duas recomendações sobre o uso de terapia estrogênica para prevenção e tratamento da menopausa:

 

1.       A terapia hormonal deve ser considerada como opção para prevenção e tratamento da osteoporose para mulheres com idade até 60anos ou dentro dos primeiros 10 anos de menopausa com sintomatologia climatérica,com alto risco de fratura que não toleram ou tenham contraindicações a outras terapias antiosteoporose, desde que os benefícios superem os riscos: esta recomendação se assemelha àquelas presentes nos guidelines de osteoporose.

 

2.       O uso prolongado de terapia hormonal é uma opção para mulheres que tenham baixa massa óssea, independentemente dos sintomas da menopausa, para prevenção de perda óssea adicional e/ou redução do risco de fratura quando terapia alternativas não são apropriadas ou quando os benefícios do uso prolongado excedam os riscos: esta recomendação amplia o papel da terapia estrogênica com foco na saúde óssea.