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Quando realizar o eco de controle após troca valvar?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
18/7/2011
Todo paciente submetido à troca valvar deve ser submetido a ecocardiograma pós-operatório para avaliar o resultado da cirurgia. Através deste exame pode-se ver se há sinais de missmatch (presença de gradientes transvalvares elevados na presença de abertura adequada dos folhetos), de leaks paravalvares, etc. Também é importante documentar a presença de imagens que podem no futuro ser confundidas com vegetações e que muitas vezes refletem apenas restos de fio de sutura, por exemplo. Contudo, qual a melhor época para se realizar este eco? Ainda na UTI do pós-operatório? Na enfermaria, antes da alta hospitalar? Na primeira consulta ambulatorial após a alta?Os guidelines de próteses valvares da AHA sugerem que o período ideal seja 2 a 4 semanas após a cirurgia. Vantagens em relação a um exame mais precoce:
- Já houve diminuição do edema pós-operatório, o que facilita a visualização adequada das estruturas
- Nos casos em que tenha havido stunning do miocárdio devido à CEC já houve tempo da fração de ejeção normalizar-se (lembrar que o miocárdio atordoado volta ao normal geralmente nos primeiros 10-14 dias após o evento agudo)
- Já houve tempo de melhorar a anemia que costuma ocorrer nos pós-operatório devido às perdas sanguíneas. Sabe-se que a anemia gera um estado hiperdinâmico o qual pode aumentar os gradientes transvalvares, não refletindo assim a situação real do pcte em longo prazo
Por essas e outras o ideal seria, caso o pcte evoluísse sem nenhuma intercorrência no pós-op, dar alta sem realização de novo eco e programar o exame após 2 a 4 semanas da cirurgia.Obviamente se houver problemas logísticos (ex: em serviços do SUS geralmente é difícil conseguir marcação de eco ambulatorialmente) é melhor fazer o exame antes da alta do que simplesmente não realizá-lo.
Fonte: consenso da ASE de próteses valvares – 2009.