Qual o tempo preconizado de jejum pré-operatório?

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As diretrizes de jejum pré-operatório foram desenvolvidas para reduzir a incidência de aspiração de conteúdo gástrico durante a anestesia. A aspiração pode levar a laringoespasmo, broncoespasmo e pneumonite pós-operatória, sendo assim uma complicação potencialmente letal em crianças com doenças pulmonares crônicas ou doenças críticas. 

Líquidos claros e doces (por exemplo, soro de reidratação oral, dextrose a 5% em água) facilitam o esvaziamento gástrico, previnem a hipoglicemia e podem ser administrados até 2 horas antes da anestesia. 

O leite materno pode ser administrado a lactentes até 4 horas antes da cirurgia. 

Sólidos devem ser evitados por 6-8 horas antes da cirurgia. Crianças com esvaziamento gástrico retardado podem requerer períodos prolongados de jejum. Na tabela abaixo você encontra a recomendação de tempo de jejum de acordo com o alimento. 

Fonte: Nelson Textbook of Pediatrics de Robert M. Kliegman, III Joseph W. St. Geme

O esvaziamento gástrico pode ser retardado por até 96 horas após um episódio agudo de trauma ou emergência cirúrgica. Para diminuir o risco de aspiração, é desejável assegurar a via aérea o mais rapidamente possível durante a indução da anestesia em pacientes com risco de terem o estômago cheio. Nessas circunstâncias, está indicada a de sequência rápida de intubação.

2. Vamos entender mais sobre a Ketamina

A ketamina (1-3 mg/kg IV) proporciona uma indução rápida de anestesia geral, com duração de 15 a 30 minutos. Ela é eficaz quando administrada por via intramuscular, subcutânea, intranasal ou oral, embora a dose deva ser aumentada para essas vias alternativas.

A ketamina promove a dissociação das conexões entre o córtex cerebral e o sistema límbico (anestesia dissociativa) através da inibição dos receptores de N-metil-D-aspartato (NMDA). Além de ser um poderoso analgésico, a ketamina pode ser utilizada como agente único para induzir anestesia geral. Ela apresenta poucos efeitos colaterais e geralmente mantém a pressão arterial e o débito cardíaco. No entanto, aumenta a demanda de oxigênio do miocárdio e deve ser administrada com cautela em pacientes com comprometimento da entrega de oxigênio ao miocárdio ou obstrução do trato de saída ventricular.

Em doses baixas (1-2 mg/kg), a ketamina permite a manutenção dos reflexos das vias aéreas e da ventilação espontânea. Contudo, em doses mais altas (3-5 mg/kg), pode ocorrer perda dos reflexos das vias aéreas, apneia e depressão respiratória. Como agente anestésico geral, a ketamina IV é especialmente útil para procedimentos curtos. No entanto, pode estar associada a sonhos perturbadores e alucinações no período pós-anestésico, especialmente em adolescentes. Benzodiazepínicos, como o midazolam, ajudam a reduzir essas sequelas e podem ser administrados a crianças que recebem ketamina.

Além disso, a ketamina é um potente secretagogo, aumentando as secreções orais e brônquicas. Portanto, um agente inibidor de sialorreia, como a atropina, deve ser considerado antes da administração de ketamina. Como broncodilatador, a ketamina é um agente valioso para sedar pacientes com asma na UTI. No entanto, foi relatado que a ketamina aumenta a pressão intracraniana (PIC), sendo contraindicada em pacientes com PIC elevada.