Interpretando o Teste Rápido Para Sífilis – Parte #1

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A interpretação e manejo do teste rápido para sífilis na maternidade são essenciais para garantir o diagnóstico e o tratamento adequado, tanto para a mãe quanto para o recém-nascido. Como neonatologistas e pediatras, é importante estarmos atentos às implicações de um resultado positivo ou negativo desse teste e às medidas que devem ser tomadas para prevenir complicações graves como a sífilis congênita.

Interpretação do Teste Rápido para Sífilis

O teste rápido para sífilis (TRS) é uma ferramenta de triagem amplamente utilizada na maternidade para detectar anticorpos contra Treponema pallidum, o agente causador da sífilis. Ele tem como objetivo principal identificar gestantes infectadas ou em tratamento inadequado para a doença, a fim de evitar a transmissão vertical.

Resultado Positivo do Teste Rápido para Sífilis

Um resultado positivo no TRS significa que a paciente apresenta anticorpos contra a sífilis. No entanto, este teste não distingue entre uma infecção ativa ou uma infecção tratada anteriormente. Nessa situação, o raciocínio clínico deve ser cuidadoso, exigindo uma avaliação criteriosa:

  1. História clínica materna:
  • Tratamento prévio: Se a gestante tiver sido tratada adequadamente no passado e com acompanhamento adequado (com redução de títulos na sorologia não treponêmica), um resultado positivo pode indicar apenas cicatriz imunológica.
  • Sem tratamento adequado: Se não houver evidência de tratamento anterior ou se o tratamento foi inadequado (ex.: tratamento incompleto ou realizado no último trimestre), a infeção pode estar ativa e o risco de transmissão vertical é elevado.
  1. Confirmação diagnóstica:
  • Um teste não treponêmico, como o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) ou RPR (Rapid Plasma Reagin), deve ser solicitado para quantificar o título de anticorpos. Este teste ajudará a confirmar a infecção ativa e guiar o seguimento.
  1. Condutas em caso de teste negativo:
  • Mãe: Em gestantes sem história de sífilis e com seguimento pré-natal adequado, não é necessária qualquer intervenção adicional. A paciente deve ser tranquilizada e seguir com o acompanhamento normal de pós-parto.
  • Recém-nascido: O recém-nascido de uma mãe com teste negativo para sífilis também não necessita de exames ou tratamento específico para sífilis congênita, salvo em casos de exposição de alto risco ou sintomas sugestivos que surjam à posteriori.