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Prótese aórtica percutânea com disfunção precoce - anticoagular pode resolver o problema?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
28/1/2013
Em 2012 foi publicado na sessão de correspondências do JACC a experiência de um grupo italiano com 3 casos de disfunção precoce de prótese aórtica percutânea que melhoraram com o uso de antagonistas da vitamina k. Nos casos citados os pctes vinham em acompanhamento clínico e ecocardiográfico regular quando começaram em determinado momento a apresentar sintomas cardiovasculares e o eco revelou aumento dos gradientes através da prótese aórtica. Nos 3 casos o ecocardiograma transtorácico e transesofágico não revelou presença de trombos na prótese aórtica, apenas espessamento dos folhetos e diminuição de sua mobilidade. Apesar disto, os pesquisadores consideraram a hipótese de talvez a disfunção da prótese ser causada pela presença de trombos laminares os quais poderiam dificultar a abertura de seus folhetos mas não serem visualizados no exame ecocardiográfico. Nos 3 casos citados foi observado diminuição dos gradientes após semanas/meses (em média 2 meses) do uso de anticoagulação. Os sintomas regrediram com a diminuição dos gradientes.
Apesar de ser apenas o relato de 3 casos, os dados apontados são relevantes. Todos os pctes possuíam mais de 80 anos e eram portadores de múltiplas comorbidades. Caso a terapêutica com o antagonista de vitamina K não tivesse surtido efeito teria que se discutir a possibilidade de fazer um novo implante de prótese percutânea por cima da antiga com todos os riscos que o procedimento pode trazer. Sem falar nos custos envolvidos. Obviamente será necessário testar a conduta em uma maior quantidade de casos para se avaliar a eficácia da terapêutica.
Questionamento importante - será que o mesmo pode ser observado em pctes que apresentam disfunção precoce de bioprótese aórtica implantada por via cirúrgica?
Referência: Latib A, Messika-Zeitoun D, Maisano F, et al. Reversible Edwards Sapien XT dysfunction due to prosthesis thrombosis presenting as early structural deterioration [correspondence]. J Am Coll Cardiol 2012; DOI:10.1016/j.jacc.2012.10.016