Principais drogas vasoativas em neonatologia

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Costumo dizer aos residentes que a escolha de drogas vasoativas na UTI Neonatal é um misto de teoria com alquimia. Afinal, nossos recém-nascidos — especialmente os prematuros — podem não ter receptores em quantidades e qualidades suficientes para obtermos o efeito esperado por certa droga.

Ainda assim, é importante lembrar os principais efeitos de algumas das drogas vasoativas mais usadas na UTI Neonatal:

  • Dopamina (5 a 20 mcg/kg/min) — efeito vasoconstritor, especialmente em prematuros. Pode interferir com o metabolismo da tireoide, sendo importante dosar TSH e T4L em caso de uso prolongado.
  • Dobutamina (5 a 20 mcg/kg/min) — efeito inotrópico (melhora força de contração do miocárdio), porém pode ser muito cronotrópica (aumento exagerado da frequência cardíaca), aumentando o consumo de oxigênio pelo miocárdio e reduzindo a diástole (evitando o enchimento das coronárias).
  • Adrenalina — tem dois efeitos a depender da dose:
    • Efeito inotrópico (doses < 0,1 mcg/kg/min) — ao contrário da dobutamina, não é tão cronotrópica, otimizando enchimento das coronárias na diástole;
    • Efeito vasoconstrictor (doses > 0,1 mcg/kg/min) — pode ocasionar hiperglicemias e aumento do ácido lático.
  • Noradrenalina — efeito vasoconstritor mais potente do que dopamina e adrenalina, podendo causar isquemias de membros, se exagerada.
  • Milrinone — tem efeito duplo, vasodilatador pulmonar e sistêmico e inotrópico. Droga de escolha em pós-operatórios cardíacos e/ou hipertensão pulmonar grave.