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Pressão de pulso: o que é? Este parâmetro está ligado a aumento de risco cardiovascular?
Escrito por
Eduardo Castro
Publicado em
2/2/2016
A pressão de pulso (diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica) é um marcador útil no atendimento de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada na urgência. A pressão de pulso (PP) < 30mmHg é um marcador de baixo índice cardíaco. Trabalho publicado recentemente no JACC avaliou qual é a relação entre a pressão de pulso e eventos cardiovasculares adversos.
Métodos:
Os pesquisadores avaliaram os dados do registro internacional REACH, que selecionou indivíduos com doença aterosclerótica ou com fatores de risco cardiovasculares. Um total de 45,087 indivíduos foram avaliados. Análises de regressão univariada e multivariada foram realizados para determinar a associação entre PP e desfechos cardiovasculares, incluindo morte cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal, hospitalização cardiovascular. PP foi analisada como uma variável contínua e categórica (ou seja, por quartil).
Característica dos pacientes:
Na análise univariada, o aumento da PP foi associado com piores resultados (p <0,05 para todas as comparações). Após o ajuste para sexo, idade, tabagismo atual, história de hipercolesterolemia, história de diabetes, o uso de aspirina, estatina utilização, uso de medicamentos pressão arterial e pressão arterial média, PP quartil ainda foi associada com todos os desfechos, exceto AVC e morte cardiovascular ( p <0,05 para todas as comparações). Análise de PP como variável contínua produziu resultados semelhantes. Em alguns grupos (mulheres e pacientes com antecedentes de acidente vascular cerebral) os resultados foram mais expressivos.
Conclusões:
Os autores concluíram que PP é associado a vários resultados adversos cardiovasculares e fornece utilidade prognóstica além da pressão arterial média.
Perspectiva:
Este estudo demonstra que a valores maiores de PP conferiram um risco aumentado para eventos cardiovasculares adversos. As relações adversas persistiram entre PP e vários resultados adversos, o resultado combinado de morte cardiovascular, hospitalização cardiovascular, infarto não fatal e AVC não fatal, após o controle de vários potenciais fatores de risco de confusão, incluindo pressão arterial média.
Uma vez que a PP é facilmente calculada a partir da pressão arterial, a sua utilidade clínica tem potencialmente elevado.
O que ainda precisamos saber:
1- Redução em PP pode servir como um alvo terapêutico?
2- Ela seria de maior valor em determinados grupos?
3- De que maneira poderíamos intervir ao identificar um paciente com pressão de pulso mais elevada?
Entendemos que pela facilidade de uso de método pesquisas futuras podem delimitar o seu papel de forma mais precisa.
Selvaraj, S.,et all. Pulse Pressure and Risk for Cardiovascular Events in Patients With Atherothrombosis. Journal of the American College of Cardiology, 67(4), 392–403.