Preditores clínicos em miocardiopatia peri-parto

Compartilhe

Miocardiopatia peri-parto ocorre em cerca de 1 a cada 2000 mulheres. A etiopatogenia é desconhecida, mas acredita-se que a auto-imunidade, processos inflamatórios e infecções por vírus podem estar relacionados ao quadro.

Por ser uma complicação rara da gravidez, torna-se difícil reunir um número grande de pacientes para investigação científica.

Para tentar juntar um número maior de pacientes foi desenhado o estudo IPAC (Investigations of Pregnancy Associated Cardiomyopathy), que envolveu 30 centros nos EUA. Foi um estudo prospectivo, que avaliou 100 mulheres com miocardiopatia peri-parto.

Esse estudo mostrou que 91% das pacientes com FE ≥ 30% e diâmetro diastólico de VE < 60mm na avaliação inicial tiveram recuperação completa da disfunção ventricular em 1 ano de seguimento, comparado com 0% das pacientes que se apresentaram inicialmente com FE < 30% e com DDVE ≥ 60mm.

13% das pacientes apresentaram algum evento maior (implante de dispositivo de assistência circulatória ou transplante cardíaco) ou mantiveram disfunção ventricular grave após 1 ano.

Os fatores de risco identificados para uma pior evolução foram: FE < 30%, DDVE ≥ 60mm ou mulheres negras (todos com P ≤ 0,001). A mortalidade em 1 ano foi de 6% nesse grupo de pacientes.

Esse estudo é importante pois pela primeira vez foi possível reunir um número considerável de pacientes com uma doença que temos pouco conhecimento de etiopatogenia. Aguardamos novas análises desse grupo de pacientes para tentarmos entender melhor o desenvolvimento dessa doença e qual a melhor forma de tratamento para essas pacientes.

Referência:

  1. McNamara DM, Elkayam U, Alharethi R, et al. Clinical outcomes for peripartum cardiomyopathy in North America. J Am Coll Cardiol 2015; 66:905-914.