Por Que Precisamos Tratar A Queilite Actínica?

Compartilhe

Por Cláudia Ferraz

A queilite actínica é uma lesão pré-maligna com potencial para evoluir para carcinoma escamoso invasivo decorrente da exposição excessiva e crônica à radiação ultravioleta. Afeta predominantemente o lábio inferior de homens com mais de 50 anos de idade. Outros fatores como álcool e tabagismo também podem elevar a chance de malignização.

Caracteriza-se clinicamente por atrofia, ressecamento, descamação, perda do limite da semimucosa dos lábios e erosões focais. Essas alterações surgem de forma gradual, muitas vezes sem trazer queixas objetivas ao paciente, o que retarda sua procura por intervenção.

Contudo, estima-se que a queilite actínica apresente uma taxa de transformação para CEC em tono de 10-30%! Além disso, a literatura médica relata que 95% dos CEC de lábio são originários da queilite actínica.

Alertamos que carcinoma espinocelular de lábio parece ter um risco de evolução desfavorável maior do que em outros sítios da pele. Há uma correlação entre o tamanho da lesão e ocorrência de mestástase e recidiva. O tamanho da lesão determina o risco de invasão de outros tecidos.

Dessa forma, o diagnóstico precoce e o tratamento da queilite são de suma importância para prevenir o desenvolvimento de câncer invasivo Orientar os pacientes quanto a medidas de prevenção (incluído uso de protetores solares labiais), aliados à terapêutica precoce da queilite actínica, podem sim mitigar o risco de evolução para CEC de lábio, evitando toda a morbidade do tratamento oncológico de um quadro avançado.

Referência:

Lai M, Pampena R, Cornacchia L, Pellacani G, Peris K, Longo C. Treatments of actinic cheilitis: A systematic review of the literature. J Am Acad Dermatol. 2020 Sep;83(3):876-887. doi: 10.1016/j.jaad.2019.07.106. Epub 2019 Aug 7. PMID: 31400450.