Pelagra

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A pele frequentemente é alvo de processos sistêmicos nos dando dicas diagnósticas valiosas. Isso não é diferente com as doenças carenciais! Os achados dermatológicos nas doenças carenciais muitas vezes se sobrepõem, no entanto, ainda temos achados no exame físico dermatológico que podem nos levar a pensar em carências específicas, se soubermos reconhecê-los. Aqui vamos aprender sobre a Pelagra, uma dermatose causada pela deficiência da vitamina B3, a Niacina.

Clinicamente, a pelagra compartilha alguns achados do exame físico com outras dermatoses carenciais, como a queilite, glossite e lesões eczema-like periorificiais, mas o que nos chama mais atenção é uma erupção fotodistribuída com crostas eritema e hiperpigmentação importante. O dorso das mãos costuma ser afetado em quase todos os pacientes, assim como áreas típicas como o colo e a fronte. Sintomas sistêmicos característicos são a diarréia, a demência e, se não revertida a deficiência, a morte em cerca de 5 anos aproximadamente.

A pelagra, assim como outras dermatoses carenciais, pode ser causada pela diminuição da ingestão da niacina, mais frequentemente em consequência do abuso do álcool, mas também por anorexia, pobreza ou dietas restritivas intencionais. A redução da absorção por patologias intestinais como doença celíaca, doença inflamatória intestinal, síndrome do intestino curto, colite e Doença de Hartnup devem ser lembradas. Algumas medicações também interferem com o metabolismo da Niacina, como a Azatioprina, 5-Fluoracil e Isoniazida e podem levar à pelagra.

O diagnóstico é eminentemente clínico! As dosagens do metabólito da niacina, o N-metilnicotinamida, na urina e a relação NAD/NADP nos eritrócitos podem ajudar no diagnóstico, mas não são testes facilmente disponíveis. A reposição de nicotinamida oral com melhora do paciente é diagnóstica e terapêutica. A nicotinamida é a forma de preferência para a reposição por ter menos efeitos vasomotores como flushing, com dose de 300mg dividido em 2 a 3 tomadas diariamente por pelo menos 4 semanas. O reestabelecimento da nutrição adequada, assim como controle da doença de base se existir, são importantes para o tratamento de outras deficiências nutricionais que possam estar presentes.