Peeling De Fenol – Conceitos Básicos Que Precisamos Saber

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O peeling de fenol é um peeling já utilizado há várias décadas a partir de uma substância derivada do benzeno, que tem uma ação cáustica imediata, promovendo a desnaturação e coagulação de proteínas. Seu uso é especialmente indicado sob a forma de peelings médios e profundos no tratamento de fotoenvelhecimento intenso e cicatrizes de acne. Produz formação acentuada de fibras colágenas e elásticas, atenuação importante das rugas e seus efeitos parecem persistir por muitos anos.

As concentrações dos peelings de fenol oscilam entre 30-90%, e comumente eo fenol está associado a diferentes substâncias como óleo de cróton ou de oliva, cresol, salicilado de sódio, cânfora, glicerina, sabões, etanol etc.  A fórmula mais utilizada para o peeling de fenol é a chamada fórmula de Baker-Gordon, na qual a concentração final do fenol é de 50% 

Quando apropriadamente conduzido, este peeling produz resultados incomparáveis e excepcionais, contudo é um fármaco altamente tóxico. A avaliação pré-procedimento, a vigilância durante a cirurgia e as orientações e esclarecimentos sobre o período pós-operatório requerem muita atenção e cuidado.

É importante salientar que pacientes candidatos ao peeling de fenol devem ser saudáveis, não terem comorbidades renais, hepáticas ou cardíacas. Cardiopatas, nefropatas e hepatopatas não podem se submeter a esta intervenção. Isto porque a absorção do fenol da pele para a corrente sanguínea é muito rápida, estimando-se que 70% do volume aplicado seja absorvido em cerca de 30 minutos, passando a ser metabolizado pelo fígado e boa parte eliminada gradualmente pelos rins. 

Outra medida importante é realizar aplicações segmentares e intervaladas, para que não se sobreponham picos de absorção da substência e assim, haja menor risco de lesões cardíacas e renais. É preconizado aguardar 10 a 15 minutos para iniciar a intervenção em outra unidade cosmética da face.

O fenol pode exercer toxicidade direta sobre miocárdio provocando arritmias cardíacas e sobre o sistema circulatório causando hipotensão. Assim recomenda-se que seu uso seja realizado exclusivamente por médicos, em ambiente hospitalar ou clínicas médicas, sob monitorização cardíaca, com paciente recebendo hidratação venosa para estimular diurese, principalmente se a área a ser tratada é toda a face (full face).

Sintomas frequentes de cardiotoxicidade relatados na literatura são: taquicardia, bigeminismo, contrações ventriculares prematuras, e até progressão para taquicardia ventricular e fibrilação atrial. Em estudo sobre os possíveis efeitos colaterais do peeling do fenol detectou-se casos de taquicardia, extra-sístoles atriais e ventriculares assintomáticas nos pacientes monitorizados.

Fundamental recordar também que o peeling de fenol é muito doloroso. Portanto, é necessário um efetivo controle da dor durante e após este procedimento, entendendo que sintomas álgicos além de trazerem desconforto ao paciente impactam sobre o sistema cardiovascular. Não raramente, tem-se apoio de médico anestesista para este fim, por meio de sedação consciente.

Por fim, o que a literatura traz de consensual é que a absorção e a toxicidade são primariamente influenciadas pela extensão da pele exposta em um determinado tempo. Realizar o procedimento com médico habilitado e experiente, em ambiente seguro e monitorizado, de forma intervalada e segmentada, além de todos os cuidados já citados, proporciona maior segurança e tranquilidade para a equipe médica e para o paciente.

Figura 1: Paciente submetida a peeling de fenol (Fonte da imagem:  J Am Acad Dermatol. 2019 Aug;81(2):327-336)

Fontes: 

 Kadunc BV, Vanti, AM. Avaliação da toxicidade sistêmica do fenol em peelings faciais. Surgical & Cosmetic Dermatology 2009;1(1):10-14

Di Santis EP, Elias BLF, Barros RVS, Mandelbaum SH. Controle da dor em peelings profundos. Surg Cosmet Dermatol 2014;6(1):115.

Wambier CG, Lee KC, Soon SL, Sterling JB, Rullan PP, Landau M, Brody HJ; International Peeling Society. Advanced chemical peels: Phenol-croton oil peel. J Am Acad Dermatol. 2019 Aug;81(2):327-336. doi: 10.1016/j.jaad.2018.11.060. Epub 2018 Dec 11. PMID: 30550827.