Pápulas Piezogênicas Dos Pés

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São pequenas herniações papulares do tecido subcutâneo e adiposo no calcanhar que ocorrem apenas quando em pé ou com a aplicação de pressão. O termo "piezogênico", significa "produção de pressão", porém é um termo que se popularizou na literatura , mas é importante enfatizar que a pressão desencadeia as lesões, e não o contrário.

Manifestam-se clinicamente como pápulas firmes, amareladas a cor da pele que se projetam das faces lateral, posterior ou medial do calcanhar. As pápulas tornam-se mais proeminentes quando o paciente fica em posição de sustentação total do peso e, por definição, desaparecem quando o paciente remove o peso. As lesões geralmente ocorrem bilateralmente. Geralmente se apresentam de forma assintomática, mas podem se tornar dolorosas. Com menor frequência, já foi descrita em punhos e parte inferior das pernas.

Não há evidência de predileção geográfica, socioeconômica ou racial. Essas lesões parecem ser mais comuns em mulheres quando comparadas aos homens. A maioria dos casos parece ocorrer espontaneamente. No entanto, há relatos de casos ocorrendo em gerações sucessivas dentro da mesma família, sugerindo um possível padrão de herança autossômica dominante. As lesões ocorrem em qualquer idade, desde a infância até a idade adulta. Existe uma variante infantil incomum denominada pápulas pediátricas infantis ocorre em RNs e lactentes.

A sua etiologia ainda é desconhecida. Uma hipótese é que pressões elevadas podem induzir pequenas rupturas na fáscia plantar, criando assim um defeito para herniação da gordura subcutânea profunda. Observamos na literatura, associação com síndrome de Ehlers-Danlos e síndrome de Prader-Willi, presumivelmente devido à fraqueza do colágeno, embora nenhum mecanismo específico tenha sido comprovado.

Vários fatores de risco foram identificados: pacientes obesos, pessoas com pé plano e pessoas com ocupações que exigem longos períodos em pé. São freqüentemente encontradas em atletas como patinadores artísticos ou aqueles que participam de corridas de longa distância ou esportes de alto impacto.

O diagnóstico é clínico. Em casos duvidosos, pode ser realizado USG de alta frequência que evidencia lesões isoecóicas no tecido celular subcutâneo subjacente. A biópsia é uma alternativa de exceção em casos selecionados que não foi possível confirmar o diagnóstico. No entanto, quando uma lesão é biopsiada, espécimes de pápulas piezogênicas tipicamente demonstram hiperceratose, degeneração dos finos septos fibrosos entre os lóbulos de gordura e subsequente coalescência de gordura. É importante observar que a hiperceratose é mais proeminente em lesões dolorosas e provavelmente menos proeminente ou ausente em lesões assintomáticas.

É essencial distinguir a entidade do fibroma aponeurótico juvenil, que normalmente apresenta um nódulo subcutâneo fixo, solitário e firme que ocorre mais frequentemente em crianças pequenas ou adolescentes e é mais comum nos punhos do que nos tornozelos. Se o clínico estiver preocupado com o fato de o paciente ter pápulas de fibroma aponeurótico juvenil, a radiografia simples mostrará calcificações pontilhadas.

Nenhum tratamento é normalmente necessário. O prognóstico é excelente. A maioria dos pacientes não sente dor. Nos casos com lesões dolorosas é surgerido perder de peso, evitar ficar em pé por muito tempo e reduzir o trauma dos pés. Posteriormente, meias de compressão, calcanhares e órteses podem ser usados. Técnicas mais invasivas devem ser reservadas para casos sintomáticos e refratários. Injeções intralesionais de betametasona e bupivacaína foram relatadas com alguma promessa em pacientes com síndrome de Ehlers-Danlos. Por fim, a excisão cirúrgica pode ser necessária se as lesões forem muito dolorosas. Um relato de caso recente de tratamento bem-sucedido com injeção de ácido desoxicólico.

REFERÊNCIAS

Brown F, Cook C. Piezogenic Pedal Papule. 2022 Sep 27. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan–. PMID: 29489228.

Rocha BO, Fernandes JD, Prates FVO Piezogenic Pedal Papules. An Bras Dermatol. 2015; 90(6):928-9.