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Os inibidores de SGLT-2 reduzem o risco de nefrolitíase recorrente?
Escrito por
Luciano Albuquerque
Publicado em
16/11/2024
A nefrolitíase e as condições sistêmicas associadas a ela têm um grande impacto na saúde e na economia. Nos últimos anos, a prevalência de cálculos renais aumentou paralelamente às epidemias de obesidade e síndrome metabólica, bem como doenças cardiorrenais. Diabetes e gota também predispõem os pacientes à nefrolitíase. Os inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2 (SGLT-2), que promovem a excreção de ácido úrico e o fluxo urinário, têm sido associados a menores riscos de cálculos renais e ataques de gota em estudos observacionais. O risco de nefrolitíase recorrente com esses medicamentos não foi estudado extensivamente.
Um estudo observacional recente usando bancos de dados populacionais canadenses, identificou 20.000 adultos com diabetes e nefrolitíase prévia que iniciaram inibidores de SGLT-2 (14.000 pacientes) ou agonistas do GLP-1 (6000 pacientes) entre 2014 e 2022. Vinte e dois por cento da população do estudo tinha gota concomitantemente.
Após uma média de 1,3 anos de acompanhamento e ajuste extensivo para potenciais fatores de confusão, os pacientes que tomaram inibidores de SGLT-2 tiveram uma taxa significativamente menor de nefrolitíase recorrente do que aqueles que tomaram agonistas de GLP-1 (156 vs. 103 por 1000 pessoas-ano; número necessário para tratar, 20). Resultados semelhantes foram observados em uma variedade de análises de subgrupo e sensibilidade. Em pacientes com nefrolitíase recente, o NNT para inibidores de SGLT-2 versus agonistas de GLP-1 foi de 5. Entre os pacientes com gota, aqueles que iniciaram os inibidores de SGLT-2 desenvolveram significativamente menos cálculos urinários e tiveram menos crises de gota do que aqueles que iniciaram os agonistas de GLP-1.
No contexto atual, existem várias opções disponíveis para o tratamento farmacológico de pacientes com diabetes tipo 2; Fatores como risco cardiovascular e obesidade influenciam na escolha dos agentes com maior beneficio para cada perfil de paciente. Os resultados deste estudo sugerem que, quando estamos considerando terapia medicamentosa adicional para um paciente com diabetes, uma história de nefrolitíase recorrente ou gota pode ser um fator que direciona a escolha para a prescrição de um inibidor de SGLT-2.