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O ponto de corte do BNP para o diagnóstico de insuficiência cardíaca é diferente em obesos?
Escrito por
Jefferson Vieira
Publicado em
2/3/2018
Já leu algo sobre a relação de BNP e obesidade? Não? A gente te explica.
Os peptídeos natriuréticos tendem a ser menores em obesos. O mecanismo responsável por essa relação paradoxal não foi totalmente elucidado, mas provavelmente é multifatorial. A evidência clínica sugere que ocorra aumento do metabolismo dos peptídeos natriuréticos no tecido adiposo, seja por aumento da degradação ou por regulação de receptores da depuração. Além disso, os peptídeos natriuréticos parecem desempenhar um papel lipolítico e seus níveis reduzidos podem refletir sua participação na fisiopatologia da obesidade.
Dessa forma, alguns autores defendem um ajuste no ponto de corte do BNP para diagnóstico de IC aguda descompensada condicionado ao índice de massa corporal (IMC) dos pacientes. Ou seja: ao invés de um limite inferior de 100 pg/ml de forma indiscriminada, o ponto de corte inferior do BNP em obesos mórbidos poderia ser em torno de 50 pg/ml, para preservar a sensibilidade do teste. Já em pacientes muito magros, esse valor poderia ser de aproximadamente 170 pg/ml, para aumentar a especificidade do teste.
DICA: peptídeos natriuréticos podem aumentar em outras condições clínicas como embolia pulmonar, cardioversão elétrica, hipertensão pulmonar, síndrome coronária aguda, arritmias, cirurgia cardíaca, hemorragia cerebral, doença hepática avançada, sepse, tireotoxicose, insuficiência renal, DPOC, anemia e cetoacidose diabética.