O escroto agudo na infância parte 1: dois diagnósticos diferenciais cruciais a serem considerados

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O escroto agudo é uma condição médica que pode ser causada por diversas condições, como a torção testicular, a torção dos apêndices testiculares, as orquiepididimites, os traumas testiculares e as hérnias inguinoescrotais. É uma emergência médica que exige cuidados rápidos e específicos. Neste texto vamos detalhar as duas principais hipóteses diagnósticas: torção testicular e orquiepididimite.

O quadro clínico do escroto agudo na população pediátrica pode ser caracterizado por dor na região inguinoescrotal, edema e/ou hiperemia locais, com início abrupto (mais comum na torção testicular) ou gradual (mais comum na orquiepididimite). A dor escrotal aguda é a principal manifestação da doença e a principal hipótese a ser confirmada, ou descartada, é a torção testicular, visto o risco de lesão isquêmica com perda da gônada causada por demora e/ou erro no diagnóstico e tratamento. Sintomas gerais como: náuseas, vômitos reflexos e febre também são frequentes e ajudam no diagnóstico diferencial com outras condições.

O diagnóstico do escroto agudo é baseado na história clínica e no exame físico do paciente. A análise física deve incluir a inspeção visual do abdome, virilha, pênis e escroto, além de palpação para sentir a presença de crepitação ou enfisema subcutâneo. A uretra deve ser inspecionada quanto à secreção e o reflexo cremastérico também deve ser investigado bilateralmente.

Como já frisamos anteriormente, o principal diagnóstico diferencial que deve ser realizado na hipótese de escroto agudo é entre torção testicular e orquiepididimite e, para isso é importante a avaliação do sinal de Prehn. O alívio da dor com a elevação do testículo afetado é considerado SINAL DE PREHN POSITIVO e sugere orquiepididimite. Caso na manobra da elevação do testículo a dor não melhore, considera-se SINAL DE PREHN NEGATIVO, o que sugere a hipótese de torção testicular. Além disso, o escore de testagem testicular para isquemia e suspeita de torção (TWIST) pode ser usado para avaliar a condição.

Escore de testagem testicular para isquemia e suspeita de torção (Testicular Work-up for Ischemia and Suspected Torsion – TWIST)

FONTE: TRATADO BRASILEIRO DE PEDIATRIA, 2022.

A abordagem diagnóstica e terapêutica será discutida na parte 2 !

Referências Bibliográficas:

Organização Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria. 5 ed. Barueri, SP: Manole, 2022.

Manual de Uropediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Urologia, 2020. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_Uropediatria-Final.pdf . Acesso em 12 julho 2023.