Novo posicionamento da SBD sobre uso racional de insulinas no hospital, pelo risco de desabastecimento

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A hiperglicemia hospitalar, independentementeda presença de Diabetes Mellitus (DM), está associada a pioresdesfechos, incluindo maiores taxas de mortalidade hospitalar, maior número deadmissões em unidades de terapia intensiva e maior tempo de hospitalização.Estudos clínicos sobre o tratamento da hiperglicemia hospitalar mostram melhoraem diversos desfechos, sendo os mais frequentes a redução da incidência deinfecções nosocomiais, principalmente aquelas relacionadas aos sítioscirúrgicos e pneumonia, assim como a redução do tempo de internamento e custos.

Recentemente, fomossurpreendidos com a notícia de um possível desabastecimento de insulinashumanas NPH e regular, na apresentação de frascoampola de 10 ml. Considerando que são essas as insulinas mais utilizadasno ambiente hospitalar, surge a necessidade de revisão dos protocoloshospitalares para que não haja prejuízo da assistência prestada nesses ambientesaos pacientes portadores de diabetes mellitus ou hiperglicemia de estresse.

Diante do cenário exposto, a SociedadeBrasileira de Diabetes emitiu um posicionamento para uso racional de insulinasno hospital. Uma das principais preocupações se refere à assistência prestadaaos pacientes críticos, nos quais a insulinoterapiaintravenosa (IV) está indicada na presença de hiperglicemia persistente(glicemia maior do que 180 mg/dL em dois ou mais episódios em 24 horas). Alémdisso, nas emergências hiperglicêmicas agudas, a insulinoterapia IV estáindicada para tratamento da cetoacidose diabética e do estado hiperglicêmicohiperosmolar. Como plano de contingência para cenário de disponibilidadereduzida das insulinas humanas, os hospitais podem considerar priorizar ainsulina regular para uso por via IV e considerar outras opções de insulinapara uso subcutâneo (SC). Adicionalmente, pode ser considerada asubstituição de insulina regular IV pelo uso IV de análogos de insulina deação rápida (lispro, glulisina e asparte).

As atuais diretrizes para manejo da hiperglicemia hospitalar empacientes não críticos, recomendam o uso de insulina basal associada a esquemade correção com insulina de ação rápida, ou insulinoterapia basal-bolus associadaao esquema de correção. Para insulinoterapia basal, os análogos de insulina deação longa (Glargina U100) ou ultralonga (Glargina U300) podem ser utilizadosem substituição à insulina NPH. A insulina regular e os análogos de insulinade ação rápida são opções de insulinas SC para escala de correção e/ oubolus pré-prandial.

Nos pacientes não críticos, fora de fase aguda de doença, osantidiabéticos orais podem ser considerados para controle glicêmicohospitalar, desde que sejam respeitadas as indicações, contra-indicações eprecauções específicas de cada classe e medicamento. Já nos pacientes críticos,não há recomendação para uso de tais agentes.

Diante do exposto, há a necessidade de queos serviços atualizem seus protocolos de controle glicêmico hospitalar, contandopreferencialmente com a participação de médicos especialistas em endocrinologiae metabologia.