Novo guideline de insuficiência ovariana prematura: recomendações sobre o tratamento

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Embora o novo guideline de insuficiência ovariana prematura (IOP) publicado no segundo semestre de 2024 não tenha apresentado grandes novidades relacionadas ao tratamento da IOP, ele trouxe bem mais recomendações do que a versão anterior, detalhando melhor o manejo da condição.

 

Os autores reforçam a indicação de reposição estrogênica para todas as mulheres com IOP até pelo menos a idade habitual da menopausa (em torno dos 50 anos), independente de ter sintomas de hipoestrogenismo ou não, para prevenção primária das complicações associadas e redução da morbimortalidade.

 

A terapia de reposição estrogênica não deve conter menos do que 2 mg/dia de estradiol por via oral ou de 100 mcg/dia por via transdérmica (adesivo), especialmente para manter a saúde óssea. Tanto esquemas contínuos quanto sequenciais podem ser realizados. A progesterona deve ser sempre associada em mulheres com útero, assim como naquelas com história de endometriose, mesmo histerectomizadas, para evitar a recidiva ou a transformação maligna do foco endometrial. As doses de progesterona devem ser mais altas quanto mais altas forem as doses de estradiol.

 

Os autores também reforçam que a terapia de reposição hormonal não garante contracepção. Portanto, naquelas mulheres que desejam contracepção, um contraceptivo hormonal combinado (CHC) é uma opção de tratamento. Ainda não há evidências para determinar se a terapia estrogênica é superior ao CHC ou se ambas são equivalentes (há um ensaio clínico randomizado em andamento para determinar isso). Mas há um receio de que o etinilestradiol presente nas pílulas contraceptivas não tenha aeficácia suficiente para manter a saúde óssea. Portanto, naquelas mulheres com IOP em que se opta pelo tratamento com CHC, deve-se escolher o esquema contínuo para evitar a ausência de ação estrogênica durante os dias de pausa.

 

Por outro lado, os autores reforçam que a terapia de reposição hormonal não reduz as chances de a mulher ter uma concepção natural. Desta forma, se ela apresenta função ovariana intermitente e tem o desejo de engravidar, o esquema sequencial deve ser preferido (a ausência de menstruação durante a pausa será um sinal de concepção).

 

Os autores se posicionam contra ouso de preparações de estrógeno e progesterona denominados como “bioidênticos” pela ausência de dados relacionados à eficácia e segurança.

 

Em relação ao monitoramento da terapia hormonal, o guideline orienta que a dosagem de estradiol pode ser realizada nas seguintes situações: persistência dos sintomas, falha em atingir a adequada proteção óssea e na presença de eventos adversos. O monitoramento também deve incluir a avaliação de fatores de risco cardiovascular (peso, pressão arterial, perfil lipídico, rastreio para diabetes, tabagismo) pelo menos uma vez ao ano. Mamografia não é necessária, uma vez que não há evidências de que a terapia hormonal na IOP aumente o risco de câncer de mama. Portanto, o rastreio do câncer de mama deve ser semelhante ao da população geral.