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Novo guideline de insuficiência ovariana prematura: quais as consequências da doença?
Escrito por
Erik Trovao
Publicado em
21/11/2024
O novo guideline de insuficiência ovariana prematura (IOP) apresenta uma sessão dedicada a discutir as consequências da IOP que vão além dos sintomas de hipoestrogenismo, atualizando a revisão sobre o tema e trazendo algumas novidades. Entre estas consequências podemos citar: aumento do risco cardiovascular, perda de massa óssea, sarcopenia, queda do bem-estar psicossocial, disfunção sexual e comprometimento cognitivo.
1. Aumento do risco cardiovascular: os autores recomendam que mulheres com IOP sejam informados da redução da expectativa de vida associada à condição quando a terapia estrogênica não é realizada, especialmente em decorrência do maior risco cardiovascular. Desta forma, a terapia hormonal deve ser recomendada como prevenção primária para reduzir o risco de morbidade e mortalidade, independentemente da presença de sintomas. Além disso, as mulheres com IOP devem ser orientadas adotar hábitos de vida saudáveis e a controlar fatores de risco cardiovascular modificáveis, como tabagismo, sedentarismo e excesso de peso.
2. Baixa massa óssea: a IOP se associa à alteração da microarquitetura óssea e à perda de massa óssea e tem o potencial de aumentar o risco de osteoporose e de fraturas no futuro. Para prevenção desta complicação, os autores recomendam: hábitos de vida saudáveis, suplementação de cálcio e vitamina D e terapia hormonal (a dose do estradiol por via oral ou por via transdérmica não deve ser menor do que 2 mg e 100 mcg, respectivamente). Além disso, a densitometria óssea está indicada para todas as mulheres com IOP ao diagnóstico. Se alterada, o exame deve ser repetido a cada 1 a 3 anos, de acordo com o risco individual (uma mudança em relação ao guideline anterior que recomendava a repetição após 5 anos).
3. Sarcopenia: este novo guideline adiciona esta condição à lista de possíveis sequelas da IOP e orienta que a prescrição de exercício resistido seja considerado, embora faltem evidências específicas desta conduta em mulheres com IOP. Sobre o uso de testosterona com o objetivo de melhorar a saúde muscular, os dados são incertos, de modo que não deve ser indicado.
4. Queda do bem-estar psicossocial: considerando o possível impacto negativo da IOP sobre a saúde psicológica e a qualidade devida, os autores recomendam que toda mulher com IOP receba avaliação da saúde psicológica e da qualidade de vida.
5. Disfunção sexual: os autores recomendam que os profissionais de saúde peçam permissão à paciente com IOP para questioná-la sobre sua função sexual. A terapia estrogênica pode melhorar este aspecto, embora o efeito seja pequeno. Caso a mulher com IOP seja diagnosticada com desordem do desejo sexual hipoativo, um teste terapêutico com testosterona transdérmica pode ser considerado.
6. Comprometimento cognitivo: a IOP está associada a um aumento de risco de comprometimento cognitivo e demência. A terapia hormonal parece ter um efeito benéfico em reduzir este risco, assim como mudança de estilo de vida, embora ainda faltem estudos randomizados sobre isto.