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Novo guideline de insuficiência ovariana prematura: novidades no diagnóstico
Escrito por
Erik Trovao
Publicado em
7/11/2024
A European Society of Human Reproduction and Embryology publicou agora, no segundo semestre de 2024, um novo guideline sobre insuficiência ovariana prematura (IOP), trazendo recomendações sobre diagnóstico e tratamento da condição. Neste texto, traremos um resumo das principais orientações referentes ao diagnóstico.
De acordo com os autores, a IOP é definida pela perda da atividade ovariana antes dos 40 anos de idade, sendo caracterizada por amenorreia ou irregularidade menstrual com elevação das gonadotrofinas e hipoestrogenismo. Para o seu diagnóstico, o guideline propõe a dosagem de FSH em mulheres com menos de 40 anos com amenorreia ou ciclos menstruais irregulares por, pelo menos, 4 meses. Níveis de FSH > 25 UI/L seriam diagnósticos.
Os autores argumentam que não há nenhuma evidência que seja contrária ao cutoff de 25 e que, embora alguns especialistas sugiram valores mais altos (como acima de 40), a IOP auto-imune costuma ter níveis mais baixos de FSH, de forma que cutoff acima de 25 poderia deixar algumas mulheres com esta condição de fora.
O guideline também orienta que o FSH pode ser dosado de forma randômica em relação ao período do ciclo menstrual, uma vez que muitas destas mulheres já estão em amenorreia.
Caso a mulher faça uso de terapia hormonal com contraceptivos injetáveis ou orais, o FSH pode estar suprimido, de forma que, diante da suspeita diagnóstica, o contraceptivo deve ser suspenso antes da investigação.
Em relação à necessidade de repetição do FSH para confirmação da IOP, os autores são contrários a esta prática na maioria dos casos, uma vez que a condição pode ser reversível em muitas mulheres, de forma que a repetição pode confundir o diagnóstico. No entanto, naqueles casos de dúvida diagnóstica (níveis de FSH < 25 mas forte suspeita clínica),o exame deve ser repetido após 4 a 6 semanas.
O guideline recomenda que o diagnóstico não se baseie nos níveis de estradiol, porém, caso dosado, níveis baixos de estradiol (<50 pg/ml) combinados com elevação do FSH fornecem confirmação adicional do diagnóstico.
Já em relação à dosagem de hormônio anti-mulleriano (AMH), os autores recomendam que não seja utilizada de forma rotineira para diagnóstico de IOP, uma vez que não existe evidência de que seja superior à dosagem do FSH, além de existir ainda limitações para sua dosagem na prática clínica. No entanto, o guideline recomenda que a dosagem de AMH pode ser útil nos casos em que os resultados do FSH forem inconclusivos. Na IOP, os níveis de AMH estão marcadamente reduzidos.
Para finalizar, os autores lembram que mulheres que se submeteram a ooforectomia bilateral antes dos 40 anos de idade, tem diagnóstico de IOP já estabelecido, não necessitando de nenhuma dosagem hormonal.