Novo guideline de dislipidemia do AACE: quais as recomendações sobre tratamento da hipercolesterolemia?

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A American Association of Clinical Endocrinology (AACE) publicou agora, em fevereiro de 2025, um novo guideline sobre o tratamento farmacológico de adultos com dislipidemia, atualizando as recomendações do documento publicado em 2017. O principal foco desta nova publicação é sobre as mais novas terapias hipolipemiantes, como os inibidores de PCSK9 (não tão novas assim), o inclisiran e o ácido bempedoico.

 

Desta forma, a maior parte das recomendações são direcionadas a adultos com dislipidemia que estão em tratamento padrão com estatina mas que não atingem o alvo terapêutico, sendo, portanto, candidatos a medicações adicionais. A hipercolesterolemia é definida como níveis de LDL-colesterol (LDL-c) acima de 130 mg/dl na população geral e acima de 70mg/dl em indivíduos com doença cardiovascular aterosclerótica (DCV).

 

E quais as recomendações:

 

1.       Em indivíduos com hipercolesterolemia em prevenção primária, os autores recomendam o uso de calculadoras de risco validadas para auxiliar na decisão terapêutica. Em relação a exames adicionais que poderiam auxiliar na estratificação de risco, como escore de cálcio coronariano e dosagem sérica de apoproteína B e lipoproteína (a), eles entendem que acrescentam muito pouco à estratificação de risco, devendo ser considerados apenas naqueles indivíduos com risco intermediário.

 

2.       Em indivíduos com hipercolesterolemia que estão em dose máxima tolerada de estatina e têm DCV estabelecida ou alto risco de DCV mas que não atingiram o alvo terapêutico (LDL-c < 70 mg/dl), sugere-se a associação de evolocumabe ou alirocumabe (não há evidência para se preferir um ou outro).

 

3.       Já naqueles em prevenção primária, os autores são contrários à adição de inibidor de PCSK9, uma vez que não há evidências que avaliem o risco-benefício desta classe nesta população.

 

4.       Os autores se posicionam contrários ao uso de inclisiran em indivíduos com hipercolesterolemia. Eles alegam que os dados publicados na literatura ainda são insuficientes para estabelecer o risco-benefício da droga e que mais ensaios clínicos de longo prazo avaliando a medicação são necessários (embora o FDA a tenha aprovado para pacientes com dose máxima tolerada de estatina, e com hipercolesterolemia familiar ou DCV, que requerem redução adicional do LDL-c).

 

5.       Em indivíduos com hipercolesterolemia que são intolerantes às estatinas e têm DCV estabelecida ou alto risco de DCV, sugere-se o uso de ácido bempedoico.

 

6.       Já naqueles em prevenção primária, os autores são contrários ao uso de ácido bempedoico, uma vez que as evidências de benefícios nesta população ainda são limitadas.

 

7.       Em indivíduos com DCV ou alto risco para DCV, os autores sugerem um alvo do LDL-c < 70 mg/dl. Esta recomendação difere da feita em 2017: < 55 mg/dl. Os autores justificam que metaanálises subsequentes não demonstraram diferenças em mortalidade ou eventos cardiovasculares quando níveis abaixo de 55 mg/dl eram atingidos..