Novas recomendações europeias sobre rastreamento de hipertensão de causa secundária

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A prevalência de hipertensão secundária é de 10%–35% em todos os pacientes hipertensos e até 50% dos pacientes com hipertensão resistente. As principais causas de hipertensão secundária incluem hipertensão induzida por medicamentos (por exemplo, contraceptivos orais de estrogênio-progesterona) e o hiperaldosteronismo primário. O uso de drogas/substâncias recreativas, bem como suplementos e bebidas energéticas, também deve ser investigado.

Segundo o mais recente guideline sobre manejo hipertensão arterial sistêmica publicado pela Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), os contraceptivos combinados de estrogênio-progesterona estão entre as causas mais comuns de hipertensão induzida por medicamentos em mulheres jovens e não devem ser usados ​​em mulheres hipertensas, a menos que não haja outro método disponível ou aceitável para a paciente. Por outro lado, os contraceptivos apenas de progesterona são geralmente considerados seguros em mulheres com hipertensão. A displasia fibromuscular deve ser fortemente considerada como causa de hipertensão secundária em mulheres jovens, enquanto o hiperaldosteronismo primário, a forma mais comum de hipertensão secundária, é igualmente comum em diferentes faixas etárias.

O guideline europeu recomenda realização de triagem para hipertensão secundária em todos os adultos jovens, que seriam aqueles com idade abaixo de 40 anos, com hipertensão. No entanto, em adultos jovens portadores de obesidade a hipertensão primária é mais comum, embora a apneia obstrutiva do sono também deva ser considerada neste caso. Portanto, nesta última situação de HAS em jovens com obesidade, a investigação inicial seria direcionada apenas para apneia do sono.

O documento apresenta uma lista de possíveis causas de hipertensão secundária e seus exames de triagem, como detalhamos abaixo:

- Hiperaldosteronismo primário
 - Exame de triagem: Razão aldosterona-atividade plasmática de renina

- Hipertensão renovascular
 - Exame de triagem: Ultrassom Doppler renal.

- Feocromocitoma/paraganglioma
 - Exame de triagem: Metanefrinas plasmáticas ou urinárias de 24h.

- Síndrome da apneia obstrutiva do sono
 - Exame de triagem: Polissonografia ambulatorial noturna.

- Doença parenquimatosa renal
 - Exames de triagem:
   - Creatinina plasmática, sódio e potássio;
   - Taxa de filtração glomerular estimada (TFGe);
   - Sumário de urina;
   - Razão albumina/creatinina urinária;
   - Ultrassom renal.

- Síndrome de Cushing
 - Exames de triagem:
   - Cortisol livre urinário de 24h;
   - Teste de supressão com baixa dose de dexametasona.

- Doença tireoidiana (hiper ou hipotireoidismo)
 - Exame de triagem: TSH.

- Hiperparatireoidismo
 - Exames de triagem:
   - Paratormônio;
   - Cálcio e fosfato séricos.

- Coarctação da aorta
 - Exames de triagem:
   - Ecocardiograma.

A principal novidade do guideline é a recomendação para rastreio de hiperaldosteronismo primário para todos os pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica (PA > 140 x 90 mmHg). O teste recomendado para avaliação é a relação aldosterona por atividade plasmática de renina. Embora a hipocalemia espontânea ou induzida por diuréticos seja fortemente sugestiva de aldosteronismo primário, um histórico de hipocalemia não está presente na maioria dos pacientes diagnosticados com essa condição, portanto o potássio sérico não é um bom método de triagem.