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Nova medicação para tratar esteatohepatite não alcoólica (NASH)?
Escrito por
Luciano França de Albuquerque
Publicado em
19/11/2021
Apesar de dados contraditórios, a prevalência de esteatohepatite não alcoólica (NASH) tem aumentado em praticamente todos os países, já tendo ultrapassado a hepatite C como principal etiologia de cirrose hepática em algumas regiões. Como parte do espectro evolutivo da doença hepática gordurosa (DHGNA), a progressão da lesão hepática encontra-se facilitada em portadores de obesidade e diabetes, sendo a doença cardiovascular a principal causa de mortalidade nesse grupo de pacientes.
As opções terapêuticas ainda são muito limitadas, havendo enfoque particular na perda de peso. Estudo recente, publicado no NEJM, apresentou os resultados do Lanifibranor, um agonista pan-PPAR (a, b, g e d) em portadores de NASH, sendo 76% deles com fibrose em estágio F2 ou F3. No grupo em uso da medicação na dose de 1200mg (mas não no de 800mg) houve significativa melhora tanto dos achados relacionados a inflamação, quanto a fibrose (redução do desfecho primário em 69% comparado ao placebo). O perfil de eventos adversos foi favorável, com eventos leves gastrointestinais, edema periférico e ganho de peso (2,4kg) ocorrendo em cerca de 10% dos usuários da medicação.
O diagnóstico de NASH é baseado no achado de biópsia hepática, havendo critérios de atividade (Esteatose, inflamação lobular e balonização) e graduação de fibrose (portal, septal, em ponte, cirrose). Os estudos consideram como desfechos primários a resolução da atividade sem piora da fibrose ou a redução de fibrose sem piora da atividade. Entretanto, a correlação entre esses achados histológicos e desfechos clínicos não é completamente validada. Além disso, outro ponto a ser considerado é a variabilidade interobservador, que pode ser responsável por parte das melhoras observadas no grupo placebo. O estudo de fase 3 ainda será iniciado, com a incorporação de desfechos clínicos como ascite, hemorragia digestiva, piora no escore MELD, transplante hepático e mortalidade. Vamos ver como serão os resultados no futuro.