Nova diretriz brasileira sobre saúde cardiovascular na menopausa

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Levando em conta que a menopausa é um período relacionado a aumento do risco cardiovascular na mulher, com maior prevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), dislipidemia aterogênica e obesidade visceral, três sociedades (DCM/SBC, FEBRASGO e SIAC) se juntaram para publicar, agora em 2024, a Diretriz Brasileira Sobre a Saúde Cardiovascular no Climatério e na Menopausa. Abaixo, resumimos as principais recomendações dos autores:

 

1.       Recomenda-se o início da terapia hormonal (THM) da menopausa para as mulheres climatéricas sintomáticas e sem contraindicação. Este início deve ser nos primeiros 10 anos de menopausa (janela de oportunidade) e/ou antes dos 60 anos de idade, considerando que o início neste período é seguro do ponto de vista cardiovascular e potencialmente benéfico. Quando a data da última menstruação for desconhecida, considerar apenas a idade limite de 60 anos. Os autores consideram estas recomendações fortes ecom nível de certeza alto.

2.       Recomenda-se que a decisão de continuar ou interromper a THM seja baseada na manutenção das indicações e ausência de riscos, não havendo idade ou duração de uso máxima pré-estabelecida. Esta também é uma recomendação considerada forte, mas com nível de certeza moderado.

3.       Não se recomenda a THM com objetivo de prevenção primária de condições crônicas em mulheres na pós-menopausa que estejam assintomáticas. Isto inclui a prevenção primária cardiovascular. Esta é uma recomendação forte, com alto nível de certeza.

4.       Recomenda-se a THM por qualquer via nas mulheres com HAS e sintomas vasomotores moderados a intensos. Porém, se houver associação com obesidade, dislipidemia, DM ou síndrome metabólica, a via transdérmica deve ser preferida. Esta é uma recomendação forte, com nível moderado de certeza.

5.       Não se recomenda a THM sistêmica em mulheres com doença cardiovascular manifesta, incluindo história de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (recomendação forte com nível de certeza alto). Porém, o tratamento dos sintomas genitourinários com estrógeno por via vaginal pode ser utilizado nestes casos. São também consideradas contraindicações à THM sistêmica: doença hepática descompensada, sangramento uterino de causa desconhecida e lúpus eritematoso sistêmico com elevado risco trombótico (recomendação fraca e nível de certeza baixo), assim como neoplasias hormônio-dependentes (recomendação forte e nível de certeza alto).

6.       Não se recomenda a THM sistêmica em mulheres com história de tromboembolismo venoso. No entanto, se for decidido pela indicação neste caso (considerando o fator causal), deve-se preferir a via transdérmica por oferecer menor risco. Esta recomendação tem recomendação forte, embora com nível de certeza moderado.

7.       Não se recomenda o uso de implantes hormonais manipulados ou de outros hormônios bioidênticos também manipulados na THM. Da mesma forma não se recomenda a chamada “modulação hormonal”. Os autores apontam para a falta de evidências relacionadas ao benefício e à segurança destas práticas. Esta é uma recomendação forte, mas com nível de certeza muito baixo pela completa falta de evidências.