Normetanefrina urinária como marcador de mortalidade em incidentalomas adrenais

Os incidentalomas adrenais são achados comuns em exames de imagem e frequentemente correspondem a adenomas. A secreção autônoma de cortisol associada a esses adenomas já foi relacionada a maior risco de mortalidade. Entretanto, pouco se sabe sobre a utilidade de marcadores como as metanefrinas urinárias – utilizados para rastreamento de feocromocitoma – na predição de mortalidade em pacientes com adenomas adrenais.

Recente estudo sueco publicado na Scientific Reports teve o objetivo de avaliar se os níveis urinários de metanefrinas, especificamente a normetanefrina, estão associados ao risco de mortalidade em pacientes com adenomas adrenais detectados incidentalmente. Para isso, os autores desenvolveram uma coorte retrospectiva com 879 pacientes adultos (≥18 anos), acompanhados entre 2005 e 2022 em dois centros endócrinos no sul da Suécia.

A metanefrina e a normetanefrina foram medidos por amostras de urina de 24h no momento da inclusão e seus níveis foram divididos em três tercis para comparação. O desfecho primário foi a mortalidade por todas as causas, obtida a partir do registro nacional de óbitos. A mediana de seguimento foi de 9,9 anos.

Ao final do estudo, houve 278mortes e a normetanefrina foi positivamente associada à mortalidade.  Pacientes no tercil superior de normetanefrina tiveram risco de mortalidade significativamente maior que os do tercil inferior. Já a  metanefrina urinária não apresentou associação significativa com a mortalidade. A associação com a normetanefrina se manteve mesmo dentro da faixa de referência e após análises de sensibilidade e subgrupos (inclusive fumantes e não fumantes).

Os autores concluíram que a normetanefrina urinária é um preditor independente de mortalidade em pacientes com adenomas adrenais descobertos incidentalmente. Esse marcador amplamente disponível pode ser útil para aprimorar a estratificação de risco em pacientes com incidentalomas adrenais. A associação entre normetanefrina e secreção de cortisol sugere uma possível interação entre a atividade do sistema nervoso simpático e a secreção adrenal, hipótese que merece ser investigada em estudos futuros. No entanto, é ainda cedo para afirmar que as diretrizes futuras mudarão as recomendações relacionadas à investigação hormonal dos incidentalomas adrenais.

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