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Necrobiose Lipoídica
Escrito por
Alvaro Alves
Publicado em
21/10/2022
As doenças granulomatosas da pele se caracterizam pelo infiltrado inflamatório rico em macrófagos e são um grupo heterogêneo de doenças. O estímulo à infiltração da pele por macrófagos é variado: infecções, corpos estranhos, doenças metabólicas, antígenos ambientais e doenças neoplásicas. Didaticamente as dividimos em doenças granulomatosas infecciosas e não infecciosas.
A necrobiose lipoídica se situa no grupo das doenças granulomatosas não infecciosas. A etiologia é desconhecida, porém até 65% dos pacientes têm diabetes associado ou até doenças da tireoide. Assim ao identificarmos um paciente com necrobiose lipoídica o principal gatilho que temos que lembrar são essas doenças metabólicas.
As mulheres são mais afetadas que os homens, com uma proporção de 3:1, a etiopatogenia não é completamente estabelecida, teoriza-se que hipóxia tecidual ou metabolismo alterado dos fibroblastos estejam envolvidos.
A clínica é de placas infiltradas, de cor amarelo-alaranjada a eritematosa que crescem centrifugamente deixando área de atrofia central. A localização é de extrema importância para pensarmos nesse diagnóstico. O paciente típico tem a face anterior das pernas como área afetada.
O diagnóstico pode ser feito clinicamente, o histopatológico mostra infiltrado inflamatório granulomatoso em camadas em toda a derme e subcutâneo com colágeno necrobiótico entre as camadas. Por se apresentar como uma doença do grupo das infiltrativas, o diagnóstico histológico frequentemente é necessário para diferenciar a NL dos demais granulomas não infecciosos como a sarcoidose, granuloma anular e de outras doenças infiltrativas como o mixedema pré-tibial.
O tratamento é voltado principalmente para o controle da inflamação já que ainda não existe tratamento curativo. A principal complicação é a ulceração das áreas atróficas, portanto precisamos parar o avanço da doença para diminuir as áreas atróficas vulneráveis à ulceração.
O uso de corticoides tópicos e intralesionais nas áreas infiltradas é indicado, não devendo-se utilizá-los nas áreas atróficas para evitar piora da atrofia. Vários tratamentos sistêmicos são descritos, principalmente PUVA, antimaláricos, pentoxifilina, antimaláricos e biológicos anti-TNFalfa e devem ser reservados para os quadros mais extensos.
Os pacientes devem ser tranquilizados quanto ao prognóstico que é bom, no entanto a morbidade pela ulceração não pode ser ignorada.
Imadojemu, S., & Rosenbach, M. (2019). Advances in Inflammatory Granulomatous Skin Diseases. Dermatologic Clinics, 37(1), 49–64. https://doi.org/10.1016/J.DET.2018.08.001