Compartilhe
Monitorização da terapia com testosterona
Escrito por
Luciano França de Albuquerque
Publicado em
4/4/2022
A terapia de reposição com testosterona (TRT), indicada para tratamento do hipogonadismo masculino, tem sido cada vez mais prescrita. Dessa forma, a rotina de monitorização adequada deve ser conhecida. Para otimizar a relação risco-benefício, é importante que os pacientes selecionados para tratamento atendam critérios diagnósticos adequadamente estabelecidos e apresentem sintomas e/ou condições que possam melhorar com a reposição de testosterona. Além disso, contra-indicações devem ser respeitadas. Durante o tratamento, adequação dos níveis séricos do hormônio e rastreio de eventuais efeitos adversos devem acontecer regularmente.
Em pacientes hipogonádicos, a reposição de testosterona tem benefícios inequívocos, incluindo uma melhora nos níveis de energia, função sexual, composição corporal e massa óssea. Entretanto, devemos lembrar que os sintomas associados ao hipogonadismo são em grande parte inespecíficos, variando conforme a idade, comorbidades, causa, duração e intensidade da deficiência hormonal. Sinais e sintomas específicos perda de pilificação corporal e redução de volume testicular, eventualmente têm menor valorização diante de queixas de baixa libido e disfunção erétil. Outros quadros associados incluem ginecomastia, infertilidade, baixa massa óssea e fraturas e até mesmo fogachos. Redução de massa magra, aumento de massa gorda, alteração de concentração e humor depressivo também podem estar presentes porém com menor especificidade.
Após iniciar a terapia com testosterona, a resposta envolve critérios clínicos e laboratoriais. Níveis subterapêuticos podem levar a não resolução da sintomatologia e interrupção do tratamento. Os níveis de testosterona devem ser mantidos na faixa média do valor de referência para homens jovens, que geralmente é de 400-600ng/dL. A avaliação deve iniciar 3 a 6 meses após o início do tratamento, quando os níveis hormonais estão mais estáveis. Além disso, é preciso ficar atento ao momento ideal da coleta, que vai variar de acordo com a formulação escolhida.
A busca ativa dos efeitos colaterais também é uma recomendação. Destacamos a eritrocitose, acne e pele oleosa, redução da espermatogênese e fertilidade, detecção de câncer de próstata subclínico e crescimento do câncer metastático. Também, com menor nível de evidência, pode ocorrer ginecomastia, calvície, crescimento de câncer de mama e indução ou agravamento da apneia obstrutiva do sono (com efeito aditivo no aumento do hematócrito).
Aumento de PSA sérico >1,4ng/ml em relação ao nível basal, PSA sérico >4ng/ml em qualquer momento, alterações no exame digital ou piora significativa dos sintomas do trato urinário inferior indicam avaliação com urologista. Elevação do hematócrito acima de 54% também indica interrupção temporária da TRT.