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Metformina em homens aumenta o risco de filhos com mal formação?
Escrito por
Luciano Albuquerque
Publicado em
29/10/2024
A metformina é o agente mais prescrito para o tratamento do diabetes tipo 2, sendo apontado como tratamento inicial para a grande maioria dos casos. A metformina reduz a hiperglicemia inibindo a produção hepática de glicose e aumentando a sensibilidade à insulina, recebendo indicações em uma série de outras condições associadas à síndrome metabólica.
Com o uso generalizado, surge uma preocupação adicional com a caracterização da segurança. Durante a gravidez, a metformina atravessa a placenta. Diversos estudos direcionaram esforços na caracterização dos efeitos potenciais do uso materno de metformina na prole. Embora ainda encontremos divergências, os dados encontrados não apontam risco aumentado de anormalidades congênitas. Por outro lado, o efeito potencial do uso paterno de metformina no risco de anormalidades congênitas entre os filhos seguia pouco estudado.
Em 2022, um estudo observacional dinamarquês relatou que os filhos de homens que tomaram metformina durante os 3 meses antes da concepção (o período de desenvolvimento do esperma) eram estatisticamente mais propensos a ter malformações congênitas. Mais recentemente, um estudo de coorte de Israel não confirmou tais achados.
Agora, um terceiro artigo vem trazer novos dados sobre o tema. Os investigadores apresentam dados provenientes de 600.000 crianças nascidas na Noruega e 2,6 milhões de crianças nascidas em Taiwan para as quais a exposição paterna à metformina durante a espermatogênese pôde ser determinada a partir de bancos de dados nacionais. Os pesquisadores limitaram sua análise a pais com diabetes tipo 2 e ajustaram extensivamente possíveis fatores de confusão, incluindo idade paterna, controle glicêmico e complicações do diabetes, comorbidades crônicas e outros medicamentos. Também houve ajusta para características maternas relevantes e fatores de estilo de vida.
Do total de nascimentos, aproximadamente 0,5% dos pais foram expostos à metformina durante o período correspondente à espermatogênese. Em dados não ajustados, o risco de malformações congênitas foi maior em filhos de pais expostos à metformina em ambas as coortes nacionais (5,0% vs. 3,9% na Noruega; 3,4% vs. 3,1% em Taiwan). Mas após o ajuste para possíveis fatores de confusão, o excesso de risco desapareceu em ambos os conjuntos de dados.
Embora fatores de confusão residual persistam em qualquer estudo retrospectivo, os ajustes cuidadosos realizados, juntamente com os resultados do recente estudo israelense, reforçam a segurança da utilização de metformina em homens planejando paternidade.