Compartilhe
Menopausa precoce aumenta o risco cardiovascular?
Escrito por
Alexandre Lucena
Publicado em
11/10/2021
Menopausa precoce é o fim permanente da menstruação antes dos 40 anos de idade. Essa condição pode estar associada ao aumento do risco cardiovascular? Vejamos o que diz um novo estudo.
Recentemente, foi publicado na JAMA cardiology um estudo de coorte que usou dados de 7 populações americanas incluindo o WHI. Foram avaliadas mais de 15.000 mulheres. As pacientes afrodescendentes tiveram quase o dobro de menopausa precoce em relação às brancas (17,4% x 9,8%), sendo essa alteração correlacionada com o aumento do risco cardiovascular (aumento do risco de 24% para mulheres afrodescendentes e de 28% para mulheres brancas).
No grupo de pacientes que tinham menopausa precoce havia um leve aumento da pressão arterial, do excesso de peso e da glicemia comparado às mulheres sem essa alteração. Talvez seja esse o mecanismo do aumento do risco de DCV nesse grupo.
OK. Mas, o que faço com essa informação? Antes de mais nada, ao saber que menopausa precoce está correlacionada com aumento do risco cardiovascular, tenho que ficar atento para perguntar para as pacientes sobre isso durante a consulta médica. Muitos clínicos e cardiologistas acham que não é relevante perguntar antecedentes ginecológicos e obstétricos para suas pacientes. Isso está errado. Quer outro exemplo? Presença de diabetes e hipertensão gestacionais também estão relacionados com aumento do risco cardiovascular no longo prazo. Portanto, sim, você deve questionar suas pacientes sobre antecedentes em gestações prévias assim como antecedentes ginecológicos.
E sobre conduta? Devo fazer reposição hormonal de rotina então para essas pacientes visando à redução do risco cardiovascular? Na verdade, já se foi tentado fazer reposição hormonal com o intuito de benefício cardiovascular e não foi notado benefício. Sabermos que menopausa precoce está associada ao aumento do risco cardiovascular deve levar o médico a ficar ainda mais alerta aos outros fatores de risco da paciente, combatendo de forma intensa os que forem modificáveis (ex: sedentarismo, obesidade, HAS, DLP, DM).