Manifestações Cutâneas Da Sepse

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A dermatologia é uma especialidade principalmente ambulatorial, mas tem muito a contribuir em todos os ambientes de assistência ao paciente, do ambulatório à UTI. Vamos mostrar as manifestações cutâneas de uma condição frequente em ambientes de enfermaria e terapia intensiva: a sepse.

A sepse é uma resposta inflamatória desregulada à infecção gerando disfunção orgânica e é causa comum de hospitalização. Manifestações cutâneas secundárias à sepse são aquelas que surgem no curso do quadro e que não têm relação com uma doença cutânea de base.

As síndromes específicas são:

  1. Púrpura fulminans: A púrpura fulminas é a manifestação cutânea da coagulação intravascular disseminada, em decorrência da deficiência das proteínas C e S induzida pela sepse, principalmente nas infecções pelo meningococo. Clinicamente se manifesta como púrpura retiforme disseminada. Há também uma manifestação acral, a necrose simétrica de extremidades que pode ser agravada pelo uso excessivo de drogas vasoativas.
  2. Ectima gangrenoso: É uma condição que ocorre principalmente na sepse por gram- negativos, classicamente a Pseudomonas aeruginosa. O paciente apresenta placas purpúricas que evoluem para necrose e formação de crosta necrótica. A fisiopatologia é a invasão vascular pelas bactérias.

Outros achados cutâneos inespecíficos também podem estar presentes. A literatura sobre essas lesões secundárias e inespecíficas não é extensa, com relatos de ocorrência em 17,8% dos pacientes com infecção de corrente sanguínea. Os mais comuns foram:

  1. Púrpura: lesões purpúricas podem estar presentes em pacientes sépticos, são secundárias a vários mecanismos como imunocomplexos, invasão vascular por microorganismos ou trombos. Pode ser discreta com poucas lesões esparsas ou pode ser importante a ponto de causar necrose e úlceras. Essas manifestações podem ser incluídas no que se chama de vasculopatia séptica.
  2. Eritema e edema de partes moles: Placas eritematosas, edemaciadas e com calor local que simulam celulite ou erisipela, mas aqui ocorrendo de forma secundária à sepse. Vamos identificá-las quando não estiverem presentes no início do quadro, forem múltiplas, bilaterais, sem perda da barreira cutânea e descartarmos foco verdadeiro de celulite no local.
  3. Rash morbiliforme: Pode ocorrer no contexto da sepse sem significar farmacodermia ou infecção viral.
  4. Lesões mucosas em conjuntivas e mucosa oral podem ocorrer, principalmente petéquias, enantema e crostas labiais.

Identificar essas lesões como manifestações secundárias da sepse é importante para evitar confundi-las com outros quadros sistêmicos mais raros, como vasculites autoimunes, ou infecções persistentes e resistentes aos esquemas antimicrobianos em uso, e assim evitar uso e troca desnecessária de antimicrobianos e corticoides no paciente agudamente doente.

Fonte:

Darmstadt, G. L. (1998). Acute infectious purpura fulminans: Pathogenesis and medical management. In Pediatric Dermatology (Vol. 15, Issue 3, pp. 169–183). https://doi.org/10.1046/j.1525-1470.1998.1998015169.x

Delgado-Jiménez, Y., Fraga, J., Requena, C., Requena, L., Aragü Es, M., Fernandez Herrera, J., Garcia Diez, A., Jimé Nez Díaz, F., Díaz, J., & Delgado-Jimé Nez, Y. (n.d.). Acute bacterial septic vasculopathy.

Musher, D. M. (n.d.). Cutaneous and Soft-Tissue Manifestations of Sepsis Due to Gram-Negative Enteric Bacilli. In REVIEWS OF INFECTIOUS DISEASES • (Vol. 2). http://cid.oxfordjournals.org/

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